São Paulo, domingo, 19 de janeiro de 1997
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Lotações são alternativas em Porto Alegre

CARLOS ALBERTO DE SOUZA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

Cerca de 70 mil pessoas são transportadas diariamente em Porto Alegre (RS) por lotações -como os moradores da capital gaúcha chamam o meio de transporte alternativo aos ônibus e táxis, existente na cidade desde 1976.
Os lotações são microônibus que transportam até 21 passageiros sentados. É proibido viajar em pé. A frota é de 403 veículos, operando 28 linhas.
Seus usuários correspondem a menos de 10% da população que usa o transporte coletivo (os ônibus transportam 1 milhão de pessoas diariamente).
A tarifa dos lotações varia de R$ 0,90 a R$ 1,00, dependendo da extensão da linha. A tarifa única dos ônibus é de R$ 0,55.
O serviço de lotações não surgiu para legalizar algum tipo de transporte clandestino que existisse na década de 70.
Nasceu, no início utilizando Kombi, para desafogar o trânsito de carros particulares, o que, em parte, conseguiu.
Usuários
A maioria dos usuários, segundo a Associação dos Táxi-Lotações de Porto Alegre, é composta de mulheres e estudantes universitários. Pessoas idosas também utilizam bastante o serviço.
"A população gosta do serviço", disse o mais antigo (sétimo mandato) vereador de Porto Alegre, João Dib (PPB), que, ao contrário da maioria, vê os lotações com reserva.
Ex-prefeito e secretário dos Transportes em 1977, logo depois do surgimento do sistema, Dib declarou que os microônibus "tumultuam o trânsito, não respeitam os sinais e disputam passageiros entre si". Só há pontos determinados de parada na zona central.
Para a SMT (Secretaria Municipal dos Transportes), a ocupação dos lotações indica que a população gosta do serviço. São comuns os pedidos para que o serviço seja ampliado, com novas linhas.
Os proprietários dos lotações são autônomos, na sua maioria. Mas há empresas que atuam no ramo, algumas delas de ônibus.
Os microônibus seguem uma padronização. O principal fabricante das carrocerias é a Marcopolo, de Caxias do Sul (RS), e dos chassis e motores, a Mercedes-Benz.
O militar reformado Luiz Rocha, morador no bairro Bela Vista, disse que acha "excelente" o serviço prestado pelos lotações.
"Todas as pessoas que eu conheço elogiam. Os meus vizinhos sempre deixam o carro em casa e vêm ao centro de lotação. Minha mulher, Elli, anda todos os dias de lotação e também gosta muito."
Rocha, ouvido ao tomar o lotação para ir ao bairro Partenon, disse que não teria nenhum aspecto negativo a destacar em relação ao serviço.
"Até quero deixar como sugestão que se aumente o número desses veículos."

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