São Paulo, domingo, 19 de janeiro de 1997
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Império aposta no talento da 'comunidade'

MÁRIO MOREIRA
DA SUCURSAL DO RIO

Remando contra a maré dominante nas escolas de samba cariocas, o Império Serrano decidiu apostar, este ano, numa madrinha de bateria da própria "comunidade".
Taís Miranda, 27, foi escolhida por suas ligações com a escola, cuja quadra frequenta desde a adolescência.
Sem citar nomes, o presidente do Império, José Marcos da Silva, o Marquinhos, diz que as rainhas de bateria anteriores -e famosas- acabaram atrapalhando a evolução dos ritmistas.
Em caso semelhante, a bateria da Salgueiro também rejeitou a presença da bailarina Carla Perez, da banda "É o Tchan", como madrinha de sua bateria. Segundo o mestre da bateria, a presença da moça poderia atrapalhar a evolução dos ritmistas.
A mais notória rainha de bateria do Império foi a modelo Vanessa de Oliveira, que ocupou o posto na segunda metade dos anos 80.
"A escolha da Taís foi fácil, porque ela está integrada à escola e não quer só aparecer."
Mulata, com 1,75 m e peso entre 65 kg e 68 kg -ela não sabe ao certo-, Taís pediu um tempo para pensar quando o presidente lhe propôs que fosse a madrinha.
"Fiquei atônita, porque não esperava. Mas, logo em seguida, aceitei. Fiquei emocionada com esse convite da minha escola."
Promoção
Na verdade, Taís foi "promovida", já que, nos últimos cinco anos, ela desfilou em carros alegóricos do Império.
Em 96, esteve no carro com o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, o homenageado do enredo.
Em sua estréia como madrinha da bateria imperiana, ela vestirá uma fantasia bem maior que a do ano passado -de anjo, que se resumia a uma tanguinha, um par de asas e um véu sobre os seios.
"A rainha não pode vir desnuda. Tem que estar elegantemente vestida, sambar e chamar a galera."
A fantasia, que ela define como "diferente", é nas cores amarelo, coral e vermelho, para, segundo ela, "abrilhantar" a escola.
Taís vê oportunismo nas modelos que nunca frequentaram escolas de samba e desfilam como rainhas de bateria.
"Isso está cada vez mais claro. A rainha tem que mostrar samba no pé, e é difícil ver isso nas modelos. Elas até que se esforçam, mas..."
Taís não despreza, contudo, a possibilidade de lucrar com o desfile. "É claro que, se surgirem convites, maravilha. Mas não é essa a minha prioridade."

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