São Paulo, domingo, 19 de janeiro de 1997 |
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A HISTÓRIA DO AMOR DE ROMEU E JULIETA Imitação Brasileira de Matteo Bandello ARIANO SUASSUNA
Antero Savedra, 1º Coro Quaderna, 2º Coro O Duque Capuleto O Conde Montéquio Romeu, menino Três carrascos Romeu, adulto Mercúcio Músicos, bailarinos e bailarinas Julieta Teobaldo O Padre A Criada Figurantes Verona - a cidade do Recife Mântua - a cidade de Olinda A ação decorre em Verona e Mântua, ou seja, no Recife e em Olinda. Na versão teatral, deve ser instalado um pequeno palco dentro do maior. No menor é que surgirão os bonecos que, conduzidos por atores, repetirão, para Romeu, adulto, a cena que ele viu em criança. Também nele é que acontecerá a noite de núpcias de Romeu e Julieta. Deve haver também, no palco maior, duas cadeiras, nas quais se sentarão Antero Savedra e Quaderna nos momentos em que o Coro emudece e falam os personagens. Quaderna: Vou contar, neste Romance, a história de Romeu. A sua curta existência, e tudo o que padeceu. Foi a história mais tocante que a minha Pena escreveu. É uma história conhecida em quase toda Nação. No Teatro e no Cinema, tem causado sensação, deixando amargas lembranças no mais brutal coração. O que sofreu Julieta, quem, como eu, já tem lido, todo o seu padecimento como foi acontecido, depois de seis, sete anos, inda não está esquecido. Verona, antiga cidade foi berço dos Capuletos, aquela raça tirana, inimiga dos Montéquios, família honesta e humana. O Duque de Capuleto, que tinha grande poder, queria, ao Conde Montéquio, aniquilar e vencer. Os dois viviam sonhando ver um ou o outro morrer. Ali, tudo era desgosto, intriga e rivalidade. Um dia, corre a notícia que assombrou toda a cidade, notícia que era o começo Romeu tinha quatro anos quando veio um pelotão, mandado por Capuleto por uma cruel traição. Nesse dia foi Montéquio trancado numa Prisão. Ficou o Conde Montéquio naquela Prisão sombria. Ali, ele ignorava se era de-noite ou de-dia. Era preso e acorrentado: nem se mexer não podia! Montéquio: Aqui estou acorrentado, sem socorro de ninguém. Aqui estou aprisionado, sem saber como e por quem! E, ah meu Deus, minha mulher vem ali, presa também! Que dor no meu coração ao ver minha Esposa amada, trazida por três Carrascos, um de-lança, dois de-espada! E ela com Romeu nos braços, triste, só e abandonada! Condessa: Eu te abraço, meu Marido, minhas queixas relatando! Vê nosso filho Romeu que, inocente, está chorando! Capuleto: Aqui é chegada a hora Montéquio, agora me pagas, hoje eu hei de me vingar! Um dia, jurei vingança e agora vou te mostrar o furor da minha ira a que ponto vai chegar! Estás aí, prisioneiro, pra mim não tens cotação. Vou decidir tua sorte, tenha ou não tenha razão! A vida de tua Esposa está aqui, na minha mão! Tua querida Mulher vai morrer, para teu mal! Talvez ela nem mereça este golpe tão fatal. Vai morrer em tua vista, cravada por meu Punhal! Montéquio: Eu te digo, Capuleto: tu roubaste o meu direito! Prendeste-me à traição, és um Duque sem conceito! Mata-me a mim! Que ela viva, e eu morrerei satisfeito! Capuleto: Montéquio, eu vou matá-la, não adianta chorar! Te odeio profundamente, mas vivo vou te deixar, para que a morte dela tu sempre possas lembrar. Condessa: Ah, meu Deus, que sina triste! Me sinto desfalecida! Olho aqui para meu filho, por ele choro, sentida, pois vejo que não me resta nem meia hora de vida! Capuleto cochicha ao ouvido de um dos carrascos, o qual arranca Romeu dos braços da mãe. Capuleto: A teus pedidos, Montéquio, meu sangue não atendeu! Já ordenei ao Carrasco, que logo me obedeceu! foi arrancado Romeu! O Pai dele está aí, infeliz e acorrentado! Tu, Mulher, vem para cá, aqui, pr'este outro lado, que é pra teu Marido ver como, em ti, serei vingado! Eu já tirei meu Punhal, que à cintura carregava. Já cravo no peito dela -era o que sempre jurava!- e o Punhal já vai rangindo, enquanto o sangue golfava! Condessa: Senhor Duque Capuleto, seu coração é perverso! Tenha dó do meu filhinho, que ainda dorme de-berço! Capuleto: Não! Vou calcar o Punhal para entrar até o terço! Condessa: Com a dor da punhalada meu corpo se estremeceu! Adeus, meu querido Esposo, cuida do nosso Romeu! Diz a Romeu que a Mãe dele, sendo inocente, morreu! Os músicos repetem a primeira frase do "Romance de Minervina". Continua à pág. 5-5 Texto Anterior: A HISTÓRIA DO AMOR DE ROMEU E JULIETA Próximo Texto: A HISTÓRIA DO AMOR DE ROMEU E JULIETA Índice |
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