São Paulo, domingo, 19 de janeiro de 1997 |
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A ECONOMIA DA REELEIÇÃO O ano passado terminou com certo otimismo, e 1997 começou no vácuo das indefinições sobre a emenda da reeleição. As Bolsas esperam que os próximos meses sejam um período de bons negócios, mas sujeitam seus cenários ao andar das negociações políticas e se assustam com a hipótese de uma paralisação das reformas. Torna-se a cada dia mais difícil separar a análise da conjuntura econômica das previsões políticas. Mas, ainda que a emenda da reeleição seja aprovada, as contas externas continuam gerando preocupação. Passados já 20 meses da fuga de capitais ocorrida em março de 95, a opinião pública tem dado menor atenção ao desequilíbrio externo. Mas a perspectiva de um déficit comercial da ordem de R$ 1 bilhão em janeiro e a possibilidade de que, seguindo essa trajetória, o saldo de 97 seja negativo em R$ 8 bilhões ou mesmo R$ 10 bilhões estão longe de ser tranquilizadoras. Sugerem, sim, que as autoridades econômicas poderão vir a considerar a possibilidade de moderar o ímpeto de uma eventual retomada. Se as negociações em torno da reeleição tiverem transcorrido sem maiores traumas, o freio poderá ser aplicado sem comprometer o longo prazo. De outra parte, o governo pode optar por uma estratégia de maior risco, com mais crescimento e aposta na entrada de capitais para financiar os déficits comercial e de serviços, além das amortizações da dívida externa previstas para este ano. Entretanto, mesmo esse cenário depende de um desenlace "pacífico" para a atual batalha da reeleição. Entre frear o crescimento e incidir em grandes déficits comerciais existe toda uma gradação de políticas à disposição da área econômica. Mas a gradação possível será, na prática, condicionada pelo cenário político. Em política econômica, como aliás em tudo mais, não é viável obter tudo ao mesmo tempo. Para 97, a estratégia da equipe econômica ainda parece indefinida. Vive-se um compasso de espera, e o jogo econômico será decidido apenas depois que for votada a emenda da reeleição. Próximo Texto: SEMEANDO EDUCAÇÃO Índice |
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