São Paulo, domingo, 19 de janeiro de 1997
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SEMEANDO EDUCAÇÃO

Apesar da baixa qualidade do ensino brasileiro constatada pelos exames aplicados nacionalmente pelo Ministério da Educação, é auspicioso o aumento geral de matrículas no primeiro grau ocorrido em 1996, segundo constatou levantamento realizado por esta Folha em 19 Estados do país e no Distrito Federal.
Afinal, em que pesem todos os estudos comprovando o inestimável valor da educação para o desenvolvimento econômico de um país e para a construção de uma sociedade democrática e apesar dos inúmeros discursos de políticos em campanha prometendo dar prioridade à educação, o fato é que até hoje o Brasil ainda tem dado pouca atenção ao tema. O grau médio de instrução do brasileiro não corresponde ao nível de desenvolvimento econômico já atingido pelo país e está muito aquém das possibilidades da nação.
Entre as unidades federativas que registraram maior crescimento de matrículas estão aquelas que implementaram programas específicos nessa área. No Ceará, onde a quantidade de inscritos aumentou em impressionantes 16,3%, estiveram em ação 8.500 dos chamados agentes comunitários de saúde, encarregados de visitar as famílias carentes e promover a inscrição das crianças nas escolas de seu município.
No Distrito Federal, que obteve um crescimento de 3,6% de matrículas no ano, está em vigor o conhecido programa de renda mínima vinculada à assiduidade escolar. Tendo em vista que a evasão está associada à necessidade precoce de a criança contribuir com os rendimentos das famílias mais pobres, o programa paga um salário mínimo por mês contanto que todas as crianças da família em idade escolar tenham no mínimo 90% de frequência.
Iniciativas como essas infelizmente ainda são minoritárias no país. Porém os dados de matrícula indicam que se trata de experiências bem-sucedidas. Que mais governos e prefeituras levem realmente a sério a tão propalada prioridade à educação.

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