São Paulo, segunda-feira, 20 de janeiro de 1997 |
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Ex-petista teme o inchaço do partido "PSDB corre o mesmo risco do PMDB" CLAUDIA VARELLA
* Agência Folha - Por que o sr. abandonou o PT? Maurício Soares - Problemas ideológicos. O partido não abandonou as teses socialistas superadas, principalmente do socialismo mais radical, que acabaram me indispondo com uma parcela do partido. Eu tive de sair. Agência Folha - Por que o sr. escolheu o PSDB? Soares - Fora do PT, o PSDB é o partido que, pelo menos ideologicamente, coaduna com minha posição. A social-democracia é um regime que busca o bem-estar do povo com liberdade, aliando o desenvolvimento e democracia, ideais que defendo. Agência Folha - Como o sr. se sente convivendo, no PSDB, com ex-integrantes da Arena e PDS? Soares - Problema de convivência, não tenho. Só acho que o partido deve ter mais critérios para se tornar uma verdadeira alternativa para a social-democracia. Agência Folha - Como o sr. vê a evolução do PSDB? Soares - O PSDB nasceu de um inconformismo com as posições do PMDB que virou um partido sem definição, comprometido com o fisiologismo. O pessoal que rompeu com tudo isso tentou fazer um partido um pouco mais sério, mais comprometido com a nação. Agência Folha - Como o sr. se autodefine politicamente? Soares - Fui educado na esquerda durante muitos anos da mocidade contra a ditadura e nos movimentos sociais. A minha formação é toda ao lado dos oprimidos, mesmo porque também fui oprimido, vim de família muito pobre. Hoje diria que sou um homem de esquerda voltado um pouco para o centro, mais preocupado com justiça social e democracia. Agência Folha - Como o sr. define politicamente o PSDB? Soares - O PSDB corre o mesmo risco do PMDB, pois um partido que cresce de maneira desordenada, pouco orientada pelo estatuto, agrega gente que pode comprometer. As alianças em nível nacional que o partido faz para chegar ao poder não me agradam. Acho que nos aliamos ao setor mais retrógrado da política brasileira, representada pelo PFL. Isso desfigura o PSDB. Agência Folha - O PSDB corre o risco de virar um novo PMDB? Soares - Corre um risco iminente. O inchaço, o crescimento sem critério são práticas que devem ser vigiadas. Precisamos saber com quem nos aliamos para mantermos a postura de um partido de centro-esquerda. Texto Anterior: Perfil dos prefeitos do PSDB paulista Próximo Texto: Dívida vencida do Incra chega a R$ 1 bi Índice |
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