São Paulo, segunda-feira, 20 de janeiro de 1997
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PF investiga esquema com TVs educativas

Grupo é o mesmo das rádios piratas

LUCAS FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A PF (Polícia Federal) está investigando indícios de que o esquema responsável pela instalação de rádios piratas para uso eleitoreiro estaria operando também com retransmissoras de TVs educativas.
A Folha revelou ontem que rádios FMs piratas estão sendo montadas para uso eleitoreiro usando como fachada associações comunitárias fantasmas.
Ligadas às associações fantasmas, as rádios poderiam ser regularizadas depois da provável aprovação, pelo Congresso, do projeto que cria a figura das rádios comunitárias -emissoras de FM de baixa potência destinadas à prestação de serviços de utilidade pública.
Para a PF, haveria outro esquema ligado ao das FMs piratas que estaria se especializando em obter, por meio legal, autorizações do Ministério das Comunicações para retransmissão de TVs educativas.
Essas autorizações especiais seriam o instrumento encontrado pelo grupo para driblar o fato de há sete anos estarem fechadas as concessões de TVs e rádios AM e FM.
As autorizações para retransmissão de TVs educativas acompanham a permissão de gerar programas diários de duas horas, que seriam utilizadas com objetivos eleitorais.
A Divisão de Crimes Organizados e Inquéritos Especiais da PF está apurando o caso desde o final de 96. Os nomes dos denunciantes são mantidos sob sigilo.
Conversas telefônica com os envolvidos no esquema foram gravadas pela Folha, que se fez passar por assessor de um deputado estadual de Minas Gerais interessado em montar uma rádio pirata.
Em uma das fitas, Antônio Zucco Jr., presidente da Radiocom (entidade de rádios comunitárias), fornece o roteiro para instalação das rádios e das associações comunitárias de fachada.
As gravações comprovam o envolvimento do senador Francisco Escórcio (PFL-MA) e do delegado do Ministério das Comunicações no Maranhão, Itaqué Mendes Câmara, que negam participação.

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