São Paulo, segunda-feira, 20 de janeiro de 1997
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Caem homicídios de moradores de SP

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os assassinatos de paulistanos diminuíram em 1996. A queda foi pequena, 3%, mas interrompeu a tendência de aumento dos homicídios na capital, iniciada em 1994.
Em termos absolutos, foram 4.826 assassinatos no ano passado contra 4.990 no ano anterior. Ou seja, 164 moradores de São Paulo deixaram de ser mortos em 1996.
Se for levado em conta o crescimento da população nesse período, a queda foi maior: 4%.
Em 1995, o coeficiente médio da cidade foi de 49 homicídios para cada grupo de 100 mil habitantes. No ano passado essa relação caiu para 47 por 100 mil.
As mortes começaram a cair em março, um mês após o recorde de fevereiro de 96 (472 homicídios).
Os dados, preliminares, são do Pro-Aim (Programa de Aprimoramento das Informações de Mortalidade), da Prefeitura de São Paulo.
A análise das informações indica que a ligeira queda pode estar ligada ao programa do governo estadual que deslocou policiais para as áreas mais violentas da cidade.
Programa
O Jardim Ângela (zona sul), recordista absoluto em assassinatos, registrou 30 homicídios a menos em 1996: 170, contra 200 em 1995. Segundo distrito mais violento em 1995, o Grajaú (sul) teve a maior queda: 44 mortes a menos.
O programa de deslocamento de policiais, entretanto, parece ter deixado lacunas: outros distritos periféricos registraram aumentos expressivos de homicídios.
O destaque é a Brasilândia. Com 40 casos a mais no ano passado, chegou a 183 assassinatos e um coeficiente de 86 homicídios por 100 mil habitantes.
Esse distrito pobre da zona norte é candidato a roubar o título de mais violento do Jardim Ângela, cuja taxa é de 87 por 100 mil. Em dezembro, já houve mais assassinatos na Brasilândia do que no "concorrente" da zona sul.
Houve aumentos significativos ainda no Jabaquara (29 mortes), em Itaquera (24) e Pirituba (21).
Os integrantes do Reage São Paulo, entretanto, não têm motivos para reclamar do programa de deslocamento de policiais.
Bairros nobres
Os distritos mais ricos e onde moram os chamados formadores de opinião da cidade registraram quedas no número de assassinatos no ano passado.
São os casos, por exemplo, de Moema, Consolação, Alto de Pinheiros, Vila Mariana e Jardim Paulista.
Com apenas três homicídios e um coeficiente de 3,2 por 100 mil, este último foi o distrito menos violento da cidade em 1996.
O Reage São Paulo se organizou a partir do assassinato de dois jovens em um bar de Moema.
A partir daí, o movimento ganhou espaço na mídia e a preocupação com violência cresceu tanto que o tema acabou apontado, nas pesquisas de opinião pública, como principal problema da cidade.

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