São Paulo, segunda-feira, 20 de janeiro de 1997
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Empresas querem linhas de minivans

JUNIA NOGUEIRA DE SÁ
ESPECIAL PARA A FOLHA

As 53 empresas que operam linhas de ônibus de São Paulo perderam, no último ano, 10% de seus passageiros.
Uma avaliação do sindicato dessas empresas, o Transurb, mostra que a maior parte desses passageiros usa, hoje, peruas clandestinas para se deslocar pela cidade.
Para combater isso que chama de "sangria", o Transurb está estudando uma medida inédita: a inclusão de microônibus ou minivans na frota de ônibus da capital, que hoje chega a mais de 12 mil veículos.
Mais caro
O serviço seria mais caro que o dos ônibus regulares, e oferecido nos itinerários de trânsito mais lento.
Outra idéia é oferecer as minivans ou microônibus a passageiros de classe média, que deixariam seus carros em casa se tivessem uma opção confortável para se deslocarem ao trabalho.
Os ônibus carregam, diariamente, cerca de 5,7 milhões de passageiros. As peruas clandestinas transportam 500 mil.
"Estamos estudando a possibilidade de criar um serviço diferenciado", diz Maurício Lourenço da Cunha, presidente do Transurb. "Nada saiu do papel ainda, mas estamos preocupados com a concorrência desleal e absurda das peruas clandestinas."
Pelos números do Transurb, os passageiros transportados em 1986 foram 2 bilhões. Em 96, caíram para 1,8 bilhões. A diferença migrou para as peruas clandestinas, o metrô ou os carros particulares. "Mas 95% deles foram mesmo para as peruas", diz Cunha.
No mesmo período, a frota de ônibus passou de 9.090 para 12.059 carros para manter a regularidade de horários num trânsito cada vez mais complicado. O número de peruas clandestinas (5.000 segundo o Transurb; 13.000 segundo os perueiros) teria dobrado desde julho do ano passado.
Aumento
"Ou a prefeitura combate os perueiros clandestinos, e nós recuperamos os passageiros e a rentabilidade, ou aumenta a remuneração por passageiro", diz o presidente do Transurb.
Nas reivindicações do sindicato está também o aumento do número de faixas e corredores exclusivos para ônibus, que ajudaria a reduzir os custos de operação das empresas.
Atualmente, as empresas recebem R$ 0,85 por passageiro transportado. Desse total, a prefeitura subsidia R$ 0,05. O Transurb afirma que cada passageiro custa R$ 1,00 para as empresas, por causa da perda de rentabilidade agravada com a concorrência das peruas clandestinas, que cobram R$ 0,80 por passageiro.

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