São Paulo, segunda-feira, 20 de janeiro de 1997
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Falta de transparência alimenta debate

CÉLIA DE GOUVÊA FRANCO
DA REPORTAGEM LOCAL

A grande maioria das agências de propaganda não divulga seus balanços, o que ajuda a alimentar a polêmica sobre como elaborar rankings das maiores agências. Muitos publicitários acham que estar na lista das maiores ajuda uma agência a ganhar clientes.
O setor, que movimenta cerca de US$ 8 bilhões ao ano (semelhante ao que a Volkswagen faturou sozinha no ano passado) tem grande visibilidade na mídia, mas revela proporcionalmente pouca transparência nas suas contas.
Muitas das agências, especialmente as maiores, passam regularmente por auditorias, quando suas contas são checadas por um auditor independente.
Mas a grande maioria dos relatórios dos auditores e dos balanços não é divulgada: por serem companhias de capital fechado, limitadas, as agências não têm a obrigação legal de publicar resultados.
Em geral, as agências estrangeiras que operam no país fazem seus balanços e passam por auditorias, mas apenas para informar suas matrizes no exterior.
Sem uniformidade
Nesse caso, seguem os critérios contábeis desses países, que são semelhantes aos adotados no Brasil, mas com algumas diferenças.
Entre as -poucas- agências que publicam seus balanços estão a DPZ, Talent e Salles/DMB&B.
Essa falta de transparência no setor permite que haja polêmica sobre rankings das agências. Toda vez que um ranking é divulgado, levanta-se dúvidas no mercado publicitário sobre os resultados de uma ou de várias agências.
"Para ser possível uma comparação, é preciso que haja uniformidade de critérios, mas como os balanços e os relatórios dos auditores não são tornados públicos não se sabe se os dados foram levantados da mesma forma por todas as agências", explica Paulo Michael Vanca, sócio da Price Waterhouse.
Vanca acha que os vários critérios para medir resultados são válidos -pode até ser pelo número de prêmios recebidos num determinado período-, desde que se assegure que esses resultados foram obtidos da mesma forma.
A tendência, segundo ele, seria de gradualmente haver maior interesse em aumentar a transparência do setor, tanto pela entrada de mais grupos estrangeiros como pela busca de novos investidores. Washington Olivetto, presidente da W/Brasil, confirma essa tendência: está estudando a possibilidade de divulgar seu balanço.
Atualmente, nenhuma agência de publicidade tem ações nas Bolsas de Valores, mas Vanca acha que essa poderá ser uma opção para as agências que queiram crescer.
"Levantar recursos junto ao mercado acionário continua sendo a forma mais barata de financiamento."

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