São Paulo, quarta-feira, 22 de janeiro de 1997
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Pesque-pague vira negócio milionário

Pesqueiros já movimentam R$ 300 milhões ao ano

ROBERTO DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A pesca esportiva, antes restrita aos iniciados, ganhou novo impulso a partir da onda dos pesque-pagues, que se propagou pelo interior do país.
Hoje existem pelo menos 2.250 pesqueiros no Brasil, que devem consumir este ano 45 mil t de peixe e movimentar mais de R$ 300 milhões, segundo estimativa da Abrappesq (Associação Brasileira dos Piscicultores e Pesqueiros).
Somente o Estado de São Paulo, maior consumidor de peixes do país, tem 1.500 pesque-pagues.
Dados da Abracoa (Associação Brasileira dos Criadores de Organismos Aquáticos) indicam que pelo menos 95% da produção nacional de peixes em cativeiro já está sendo destinada aos pesque-pagues.
"Quem está bancando a piscicultura hoje são os pesque-pagues", diz o zootecnista João Donato Scorvo Filho, vice-presidente da Abracoa e pesquisador do Instituto de Pesca de São Paulo.
Graças ao crescimento dos pesqueiros, o piscicultor Max Antonio Ramos Lucas, que cria peixe em cativeiro há dez anos, aumentou sua criação em Cananéia (245 km a sudoeste de São Paulo).
A produção, desenvolvida em 11 ha, saltou de 5 t/ano, em 92, para 20 t/mês. Os pesque-pagues absorvem quase toda a sua produção.
"A criação de peixe era secundária em uma propriedade agrícola. O animal era criado com restos de mandioca e banana. Hoje é prioritária", diz.
Nelson Batista Martim, 52, pesquisador do Instituto de Economia Agrícola de São Paulo, afirma que a produção de peixes movimentou R$ 25 milhões em 96.
Para este ano, o pesquisador aposta em aumento de 20%. "É uma atividade com potencial por causa do pesque-pague", explica Martim.
Diversificação
Diante da grande concorrência, alguns pesque-pagues estão oferecendo outros tipos de serviço para atrair os pescadores.
O Lagoa dos Patos, em Jundiaí (60 km a noroeste de São Paulo), por exemplo, criou uma horta orgânica, além de um ponto-de-venda de flores, plantas, leite e queijo. Está construindo ainda chalés para hospedar sua clientela.
O Matsumura, de São Paulo, vai criar um lago exclusivo para salmão e trutas a partir de maio.
O Aquarium, também na capital, mantém uma loja de acessórios, fornece cursos de pesca e pretende ampliar sua área, esperando com isso faturar mais de R$ 100 mil por mês.

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