São Paulo, quarta-feira, 22 de janeiro de 1997
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Maluf ataca reeleição em ninho tucano

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-prefeito Paulo Maluf, presidente de honra do PPB, fez ontem um minicomício contra a emenda da reeleição em um ninho povoado de tucanos e de simpatizantes assumidos da causa do presidente Fernando Henrique Cardoso.
Presente ao almoço de homenagem do Ceal (Conselho de Empresários da América Latina) ao ex-presidente dos EUA, Jimmy Carter, em um elegante clube paulistano, Maluf garantiu aos empresários que FHC está blefando.
O presidente do Bradesco, Lázaro Brandão, interessado na opinião de Maluf, ouviu atento o discurso do líder pepebista.
"Não vota amanhã (hoje) e não vota dia 29, pura e simplesmente porque o governo blefa, o governo não tem 308 votos para aprovar a emenda. Se votar vai ser derrotado em plenário."
Discreto e reticente, como de hábito, Brandão, dizendo ter provocado Maluf a falar sobre a reeleição, preferiu não comentar as declarações do ex-prefeito. "Cada um tem a sua opinião, mas esse é um assunto delicado."
Maluf atacou FHC, dizendo que o presidente só está preocupado com seu próprio projeto pessoal, que é a "prorrogação de seu mandato". Segundo Maluf, o Palácio do Planalto continua sendo um "balcão de negócios".
Antonio e José Ermírio de Moraes, do grupo Votorantim, Hugo Miguel Etchenique, do grupo Brasmotor, Pedro Piva, do grupo Klabin (suplente do senador José Serra), Roberto Teixeira da Costa, presidente do Ceal, Paulo Cunha, do grupo Ultra, Eugênio Staub, do grupo Gradiente, eram outros convivas entre tantos empresários presentes.
Com seu estilo habitual, Maluf apregoava para quem quisesse ouvir: "O governo não tem autoridade moral para votar, porque esse governo que está aí, no dia 10 de março de 1994, votou contra a emenda da reeleição".
"O PSDB e o PFL votaram contra ou porque não queriam a reeleição de Itamar ou porque tinham medo do Lula, que estava com 40% nas pesquisas de intenção."
Maluf tornou a defender a realização de um plebiscito, mas "não como uma fórmula de estepe ou uma saída de casuísmo" para o caso de uma derrota da reeleição.
"O governo tem de ter a coragem de propor o plebiscito já, agora. Se vai demorar dois meses ou seis meses, isso não é problema nosso", disse.

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