São Paulo, quarta-feira, 22 de janeiro de 1997
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Perueiros ameaçam guerra

CRISPIM ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Os motoristas de peruas clandestinas que transportam passageiros em São Paulo ameaçam deflagrar uma verdadeira guerra de tarifas contra as empresas de ônibus.
Hoje, a tarifa do lotação é a mesma do ônibus comum, R$ 0,80. Segundo Laércio Ezequiel dos Santos, presidente da associação dos perueiros da zona sul, o valor poderia cair para até R$ 0,65.
Isso deve acontecer, segundo ele, caso a prefeitura autorize as empresas de ônibus a operar vans ou microônibus no transporte de passageiros sem antes regularizar a situação de pelo menos 70% dos 13 mil perueiros clandestinos.
As 53 empresas de ônibus da cidade alegam que perderam 10% dos seus passageiros no último ano. A maior parte deles para as peruas clandestinas.
A utilização de vans ou microônibus, na avaliação do Transurb, sindicato das empresas, seria uma forma de combater os perueiros.
Pela proposta, o serviço diferenciado seria mais caro que o dos ônibus regulares e faria roteiros mais lentos.
"Isso será uma afronta para nós. Vai sair guerra, e vai ser guerra feia", afirmou Santos. A proposta de redução na tarifa já ganhou apoio da associação dos perueiros da zona norte.
"Se as empresas conseguirem isso (a autorização para operar transporte alternativo), vamos ter que adotar alguma coisa. Se for em benefício da categoria, é possível sim essa redução na tarifa", declarou Carlos Eduardo de Melo, vice-presidente da entidade na zona norte.
O presidente do Transurb, Maurício Lourenço da Cunha, não foi localizado ontem para comentar a ameaça dos perueiros. Ele foi procurado em sua empresa e na sede do sindicato.
A assessoria de imprensa do Transurb informou que a entidade não teria nenhum comentário a fazer com relação ao assunto.
A assessoria informou ainda que os passageiros vão decidir com quem ficar caso os perueiros reduzam a tarifa e que só o tempo dirá qual sistema de transporte terá mais "fôlego para aguentar".
Francisco Christovan, presidente da SPTrans (empresa que gerencia o transporte coletivo), disse que a ameaça é precipitada, porque a liberação do uso de vans ou microônibus pela empresas não está sendo estudada pela prefeitura.
Anteontem, no entanto, o secretário municipal dos Transportes, Carlos de Souza Toledo, declarou que a proposta do Transurb é viável e será analisada pela prefeitura.

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