São Paulo, quarta-feira, 22 de janeiro de 1997
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Escrevente atira em peito do irmão

OTÁVIO CABRAL
DA REPORTAGEM LOCAL

O escrevente de cartório José Geraldo Moreira Fiúza, 39, deu um tiro no peito de seu irmão, o também escrevente Valmir Moreira Fiúza, 35.
O crime ocorreu por volta das 13h de ontem no primeiro andar 28º cartório de notas, na praça Sílvio Romero, Tatuapé (zona leste de São Paulo), onde ambos trabalhavam.
Após balear o irmão, José Geraldo passou cerca de uma hora com um revólver apontado contra a própria cabeça, ameaçando se suicidar.
Eles só entregou a arma e se rendeu por volta das 14h, após negociar com um sargento da Polícia Militar e com um funcionário do cartório.
Estafa
"Ele disse que estava esgotado porque não tirava férias há 13 anos, desde que começou a trabalhar no cartório", declarou o sargento.
Segundo Oliveira, José Geraldo se mostrou arrependido de ter cometido o crime e disse que o irmão não tinha motivos para ser baleado. "Ele estava muito confuso e falava coisas sem sentido", disse Oliveira.
Familiares de José Geraldo afirmaram no 30º DP (Tatuapé), onde foi preso, que ele sofria de depressão e estava tomando medicamentos antidepressivos.
Risco de vida
Na hora dos disparos, havia cerca de 15 pessoas no primeiro andar do cartório, onde funciona o setor de registro de imóveis.
José Geraldo teria ordenado que todas as pessoas descessem ao térreo e não deixou ninguém socorrer seu irmão. Apenas após alguns minutos ele permitiu a entrada do resgate, que levou Valmir ao Hospital do Tatuapé.
Segundo os médicos, o tiro atingiu o tórax e o abdômen e se alojou na coluna vertebral de Valmir.
Ele foi operado ontem à tarde e corria risco de vida. Os médicos também diagnosticaram que, caso sobreviva, Valmir pode ficar tetraplégico.
O oficial do cartório, Itamar Bertoni, contou que José Geraldo trabalha há 13 anos no local. Há dois anos, ele conseguiu um emprego para seu irmão no mesmo local.
Segundo um escrevente que se identificou como Emiliano, José Geraldo era muito fechado e não tinha amigos no cartório.
Apesar disso, José Geraldo vinha reclamando de problemas financeiros e estaria querendo vender seu carro.

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