São Paulo, quarta-feira, 22 de janeiro de 1997
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Malan fala em "aperfeiçoar a banda"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Pedro Malan (Fazenda) disse ontem que haverá um "aperfeiçoamento do regime de bandas cambiais", no mesmo dia em que foi divulgado que as importações superaram as exportações em US$ 5,539 bilhões em 96, um recorde.
As bandas cambiais são os limites mínimo e máximo fixados pelo governo para a cotação do dólar. O regime é adotado desde março de 95, quando o governo começou a desvalorizar o real para conter os déficits comerciais.
Malan não quis detalhar o que seria esse "'aperfeiçoamento"", mas disse que a política cambial não será alterada -ou seja, aparentemente, o governo não pretende acelerar a desvalorização do real.
O desempenho das exportações em 96 ficou bem abaixo da meta fixada pelo governo no início do ano, em torno de 5%. Elas fecharam o ano em US$ 47,747 bilhões, com crescimento de apenas 2,67%.
No lado das importações, o crescimento foi maior, 6,88% em relação a 95. No ano, as compras externas chegaram a US$ 53,286 bilhões. Em 95, as importações somaram US$ 49,858 bilhões.
Esse resultado foi influenciado pelo aumento das importações de matérias-primas e produtos intermediários (10%), máquinas e equipamentos (12,1%) e combustíveis (19,4%).
Recordes
Tanto o resultado das exportações quanto o das importações representam recordes históricos.
"Esse comportamento reflete os movimentos estruturais da economia associados a um perfil de recuperação da atividade", disse o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, José Roberto Mendonça de Barros.
No mês passado, o saldo da balança comercial ficou negativo em US$ 1,787 bilhão. As exportações foram 2,2% inferiores às do mesmo mês de 95.
As maiores compras foram registradas no setor de produtos manufaturados e material de transporte (veículos e acessórios).
As importações cresceram 42% em relação a dezembro de 95 e atingiram US$ 5,576 bilhões.
As compras de petróleo responderam, sozinhas, pelo aumento total de 25% das importações.
Mendonça de Barros disse que esse comportamento é normal quando se trata de uma economia aberta.
"A importação foi forte, mas está ligada à reestruturação produtiva. Isso se faz investindo e é bem positivo."
O secretário de Comércio Exterior do Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo, Maurício Cortes, disse que o intercâmbio comercial do Brasil apresentou recorde histórico em 96.
A corrente de comércio (soma das importações e exportações) ultrapassou US$ 100 bilhões. "Isso representou o dobro do valor de comércio de 90", afirmou.
Mendonça de Barros disse que o setor que surpreendeu o governo foi o de calçados. A expansão nas vendas superou em 21,85% as vendas do mesmo período em 95. Elas somaram US$ 145 milhões.

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