São Paulo, quarta-feira, 22 de janeiro de 1997
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"Siscomex aumenta o déficit"

Governo culpa o sistema

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA; DA REPORTAGEM LOCAL

Reportagem Local
O secretário de Política Econômica, José Roberto Mendonça de Barros, jogou parte da responsabilidade pelo aumento das importações de dezembro na implantação do Siscomex (Sistema Integrado de Comércio Exterior) das importações.
Segundo ele, algumas empresas teriam antecipado importações que só fariam em janeiro, com receio de suas compras ficarem retidas devido a problemas no início da operação do sistema.
Em meses anteriores, o secretário chegou a creditar o mau desempenho aos estoques de petróleo, às compras antecipadas de Natal e até à lei de isenção do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) para exportações.
"Algumas tradings (empresas de comércio exterior) anteciparam as compras sabendo que o Siscomex seria mais lento nos primeiros dias deste ano", disse o secretário.
O Siscomex para importações começou a operar no primeiro dia útil de 97 e, de fato, causou atrasos na importação de alguns produtos por problemas operacionais.
Importação de petróleo
Em setembro do ano passado, o secretário creditou o resultado desfavorável do comércio exterior a uma recomposição de estoques de petróleo.
Como ocorre agora com o Siscomex, também naquela ocasião a equipe econômica procurava apresentar esse problema como conjuntural -isto é, que não se repetiria nos meses seguintes.
As compras de petróleo, porém, fecharam o ano passado com crescimento de 33,6%.
Causas
A causa não foi só a recomposição dos estoques, mas também a elevação do preço internacional do produto e o crescimento do consumo interno.
Em outubro e novembro, foi a vez das importações antecipadas para o Natal.
Por esse raciocínio, o comércio e indústria teriam feito estoques já em outubro e novembro e, por isso, haveria um alívio nas importações de dezembro.
Mas, em dezembro, as importações de bens de consumo tiveram um crescimento de 9,8%, se comparadas ao mês anterior.
Histórico
A previsão de problemas durante a implantação do novo sistema fizeram com que as empresas antecipassem suas compras em dezembro para aumentar o estoque.
Mesmo no caso dessas empresas grandes, como a Siemens, por exemplo, esse estoque não foi insuficiente para suprir os problemas. Outras empresas como as montadoras Ford e General Motors também tiveram problemas com falta de peças de reposição.
A situação é mais grave, porém, nas empresas que trabalham com reposição diária de estoque.

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