São Paulo, quarta-feira, 22 de janeiro de 1997 |
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Meta para contas externas será dificilmente cumprida
ALEX RIBEIRO
A equipe econômica se desdobrou para fechar 96 com as chamadas transações correntes, o principal indicador das contas externas, abaixo de 3% do PIB (Produto Interno Bruto, total de riquezas produzidas pelo país). Esse é o indicador mais importante das contas externas. Além da balança comercial, as transações correntes incluem a balança de serviços (juros, fretes, seguros, lucros remetidos etc.) e as transferências unilaterais (dinheiro remetido ao Brasil por residentes no exterior e vice-versa). Só até novembro, o resultado das transações correntes já estava em 2,83% do PIB. Isso significa que a saída de recursos superou o ingresso em US$ 19,333 bilhões. Até agora, a balança comercial é o primeiro item das transações correntes a ter o resultado de 96 calculado pelo governo. O número é pior que o previsto. Em novembro passado, a equipe econômica estimava fechar 96 com um déficit comercial menor que US$ 5 bilhões. Mas o número alcançou US$ 5,576 bilhões. A previsão incluía um déficit de US$ 800 milhões em novembro e outro no mesmo patamar em dezembro. A previsão se concretizou só em novembro. Em dezembro, o déficit atingiu US$ 1,787 bilhão. Dívida externa Além da balança comercial, o resultado das transações correntes deve sofrer ainda o impacto de pagamentos de encargos da dívida externa feitos em dezembro. Segundo o Tesouro Nacional, em dezembro foi pago o equivalente em dólares a R$ 634 milhões, a maior parte ao Clube de Paris (comitê de países credores). O Banco Central ainda está calculando os outros números, como o resultado do turismo, que em novembro já estava no vermelho em US$ 3,210 bilhões. Para o governo, se as transações correntes fecharem em 3% do PIB (algo em torno de US$ 23 bilhões), é possível financiá-lo sem grande dependência do capital externo. A meta poderá ser cumprida, mas graças a mudanças feitas no cálculo do PIB, que tornaram o déficit nas transações correntes relativamente menor. O diretor da Área Externa do BC, Gustavo Franco, afirma que grande parte desse déficit está sendo coberto por investimentos estrangeiros no Brasil, que superaram os US$ 8 bilhões em 96. O resto é coberto com o dinheiro que estrangeiros colocam nas Bolsas e outras aplicações. As duas formas de financiamento implicam em novas saídas de recursos no futuro, seja pela remessa de lucros ou de juros e dividendos. Texto Anterior: Raio x do déficit Próximo Texto: Nivea dobra para US$ 14 milhões o investimento em campanhas Índice |
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