São Paulo, quarta-feira, 22 de janeiro de 1997 |
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O dono da xuxa.com
MARIA ERCILIA
A "Wired", como muitas outras empresas norte-americanas, registrou dúzias de nomes na Internet, alguns por farra de algum funcionário mais inspirado, outros talvez com intenção de vender no futuro, ou usar em seu site. Perguntei sobre o domínio xuxa.com a Taylor, funcionário da revista e meu colega numa lista de discussão. A resposta foi surpreendente: "Claro que é a mesma Xuxa. Ela é um ídolo para muitos nerds -o show dela é erótico e infantil, por isso que gostamos dela. Eu adoraria trabalhar num site com esse nome!" Cada uma. Se você tiver acesso a uma conta na Internet do tipo "shell", geralmente usada em universidades, é simples descobrir domínios registrados nos EUA. Basta digitar a expressão "whois" e o nome que se quer buscar, na linha de comando. Por exemplo, digitei "whois xuxa.com" e obtive o nome da empresa, HotWired. Se for feito o caminho inverso, usando o nome da empresa ("whois hotwired"), obtém-se a lista completa dos domínios registrados por ela. No caso, além de xuxa.com, havia dezenas, como pornucopia.com. A facilidade de registro de nomes nos EUA levou a muitos abusos. Hoje há uma taxa de US$ 100 para registrar o nome e de US$ 50 por ano para mantê-lo. Mas não é um preço muito alto, principalmente para uma grande empresa. Para ver o que é exagero mesmo, experimente "whois kraft". A empresa de alimentos Kraft registrou, entre muitos outros, rondele.com, toblerone.com e pickles.com. Mas nada se compara à Procter & Gamble, que chegou ao cúmulo de diarrhea.com. É comum que espertinhos registrem nomes e marcas conhecidos e depois tentem vendê-los. Isso é facilitado pela política atual de registro de nomes, em que o primeiro que chega, pega. Não importa quem é o dono da marca. Por essas e outras é que foi formado um grupo no ano passado, o International Ad Hoc Committee (www.iahc.org), para discutir a expansão dos domínios superiores (.com, .net, .edu etc). Foram propostos sete novos domínios, e que os EUA passem a adotar a terminação .us em seus endereços, como o resto do mundo já faz com as respectivas siglas de países. O Ad Hoc divulga no próximo dia 3 a sua decisão. A idéia é que, com a expansão dos domínios, empresas que têm nomes semelhantes (Apple Bank e Apple Computer, por exemplo) possam parar de bater cabeça e registrar nomes diferentes. Também deve acabar o monopólio da empresa Networkd Solutions (www.netsol.com) sobre os registros nos EUA. Essa empresa começou a administrar a concessão de domínios no ano passado -entrou no lugar de um órgão do governo. No Brasil vamos passar em breve por um processo similar. Os registros, hoje centralizados pela Fapesp, devem passar a uma empresa privada. Para quem quiser saber mais sobre a guerra de domínios na Internet, no endereço www.georgetown.law.edu/lc/internic/recent/rec1.html há um texto sobre todas as pendências judiciais envolvendo o assunto. Entre os nomes polêmicos estão Avon, Banana Republic, McDonalds, The Gap... E-mail: netvox@uol.com.br Texto Anterior: Filme de Mark Joffe inicia 14ª edição Próximo Texto: Lançamento atinge mais de 30 cidades Índice |
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