São Paulo, quarta-feira, 22 de janeiro de 1997
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Lançamento atinge mais de 30 cidades

PATRICIA DECIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Mesmo antes de chegar às telas, "O Que é Isso, Companheiro?", versão cinematográfica de Bruno Barreto para o livro homônimo do colunista da Folha e deputado federal Fernando Gabeira (PV-RJ), já promete reeditar o clima de "oba-oba" causado pelo lançamento de "Tieta" em 96.
Os dois têm em comum o fato de contarem com diretores brasileiros consagrados -Barreto e Cacá Diegues-, grandes orçamentos (R$ 5 milhões para "Tieta" e R$ 4,5 milhões para "Companheiro") e megaesquema de lançamento para os padrões nacionais.
Com Pedro Cardoso, Fernanda Torres, Cláudia Abreu e Luís Fernando Guimarães no elenco, o filme mostra um episódio da luta armada durante o regime militar.
O foco principal é o sequestro do embaixador dos EUA Charles Elbrick -interpretado pelo norte-americano Alan Arkin-, numa operação conjunta do MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro) e da ALN (Aliança Libertadora Nacional).
Nesta semana, "O Que É Isso, Companheiro?" teve pré-estréia em sessão privada no MoMA (Museu de Arte Moderna) de Nova York e foi indicado para a mostra competitiva do Festival de Berlim (leia texto abaixo).
No Brasil, o filme de Barreto será lançado simultaneamente em mais de 30 cidades, feito recentemente alcançado apenas por "Tieta", que estreou em 31 municípios. "Vamos fazer um lançamento sem muita ostentação", ameniza Luiz Carlos Barreto, o produtor.
A previsão para a estréia nacional, segundo o produtor, é dia 27 de abril. A Columbia Pictures fará a distribuição no Brasil. Já a divulgação internacional ficará a cargo da Pandora Filmes, responsável, entre outros, por "Como Água Para Chocolate" e "O Quatrilho", filme de Fábio Barreto (irmão de Bruno) indicado para o Oscar de melhor filme estrangeiro em 96.
Luiz Carlos Barreto não admite abertamente a pretensão de levar "Companheiro" ao Oscar. "Mas já estamos em um bom caminho internacional", afirma.
Além do esquema de divulgação, "O Que É Isso, Companheiro?" conta com a propaganda gratuita fornecida pela simpatia de setores influentes na opinião pública.
Fernando Gabeira, 56, que viu o filme no Rio junto com a equipe técnica, não poupa elogios. "O resultado é muito bom. Ele utilizou o livro e fez uma espécie de reflexão sobre a luta armada. Barreto trabalhou com personagens simbólicos e procurou criar algo novo", diz.
Em dezembro, o filme teve outra sessão privada, desta vez em Brasília, no Palácio da Alvorada, para o presidente Fernando Henrique Cardoso, a primeira-dama Ruth Cardoso e ministros.
Segundo Gabeira, que conversou com FHC, o presidente também gostou do filme de Barreto. "Ele me disse que achou o filme bom e contou que o Pedro Cardoso (que interpreta Gabeira) é primo dele."
Em Nova York, aconteceu mais uma exibição apenas para convidados, no Moma (Museu de Arte Moderna), numa sala de 200 lugares. "Foi uma sessão privada, para a Valery Eldrick, filha do embaixador sequestrado, e alguns amigos", diz Luiz Carlos Barreto.
Segundo o produtor, estavam presentes cerca de 80 pessoas, entre elas o cineasta Brian de Palma e os diplomatas brasileiros Celso Amorim, da missão do Brasil junto à ONU e Marcos de Vicenzi, cônsul em Nova York.
No Rio de Janeiro, o filme já provocou polêmica. O deputado Carlos Minc (PV) acusou a versão de estereotipar os guerrilheiros.
"Não acredito que o filme acenderá grandes polêmicas. Não tem pretensão de ser um documentário. Sua função será divulgar para milhões de brasileiros um pedaço do que foi a luta armada, popularizar o período, sem fazer propaganda política e sem maniqueísmo."

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