São Paulo, quarta-feira, 22 de janeiro de 1997
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Presidente admite atender grevistas

RICHARD LLOYD PARRY
DO "THE INDEPENDENT"

Numa repentina e surpreendente submissão à pressão popular, o presidente da Coréia do Sul, Kim Young-Sam, concordou ontem em reconsiderar a controvertida lei trabalhista que há um mês provoca greves em todo o país.
Durante um encontro ontem, Kim disse aos líderes de oposição que a Assembléia Nacional poderia reformar as leis que adiam o direito dos trabalhadores de constituir sindicatos livres e tornam mais fáceis as demissões.
Também serão objeto de revisão as emendas à Lei de Segurança Nacional que dão novos poderes à agência de inteligência do país.
O presidente prometeu ainda que os líderes sindicais que são alvo de mandados de prisão por organizar as greves não serão retirados de seu refúgio na catedral católica de Seul (capital).
"O encontro de hoje não foi uma solução definitiva, mas houve alguns avanços", disse Kim Dae Jung, líder do principal partido de oposição, o Conselho Nacional para Novas Políticas. "O presidente mostrou disposição para solucionar os problemas juntamente com os partidos de oposição."
O anúncio representa uma inesperada virada na posição do governo, que parecia estar ganhando a disputa iniciada há um mês. Depois de uma fraca resposta a uma convocação para greve geral na semana passada, os líderes da Confederação Coreana dos Sindicatos (KCTU) anunciaram no sábado que iriam limitar sua ação a um dia de greve por semana.
Mas, face às baixas taxas de popularidade, ao aumento da pressão internacional e ao crescimento dos prejuízos das indústrias, o presidente parece ter decidido por eliminar seu fator de desprestígio.
A virada presidencial ocorreu na véspera do encontro da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD), um grupo de nações ricas ao qual a Coréia do Sul se juntou em dezembro último.
A OECD exige que os integrantes reconheçam o direito de formar sindicatos, e o anúncio de ontem enfraqueceu as crescentes críticas vindas de outros membros do governo.
Mas a batalha não está de modo algum terminada; tanto a KCTU quanto a legalizada Federação dos Sindicatos Coreanos (FKTU) estão descrentes com o anúncio de ontem e prometem manter a pressão até que a lei trabalhista seja totalmente retirada.
"Nós estamos muito desapontados", disse Kwon Young Kil, secretário-geral da KCTU. As greves, que já causaram prejuízos de mais de US$ 3 bilhões, devem continuar nas próximas semanas.

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