São Paulo, quarta-feira, 22 de janeiro de 1997
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Indianos confundem balão com templo

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O corretor de valores norte-americano Steve Fossett, 52, que há dois dias fracassou em dar a volta ao mundo sem escalas em um balão, foi confundido com um enviado divino na aldeia em que pousou já sem combustível, na Índia.
Naonjhar, o povoado onde Fossett desceu, fica a 500 km de Nova Déli e tem pouco contato com a civilização ocidental. Fossett disse que teve dificuldades ao chegar porque ninguém falava inglês -um dos idiomas oficiais da Índia- naquele lugar.
"Pensamos que fosse um templo que estava descendo do céu e que o homem que estava dentro dele era um sacerdote. O objeto tinha uma bandeira e luzes que acendiam e apagavam. Nunca havíamos visto nada igual", disse o camponês Ram Saran.
Os habitantes do lugar só se aproximaram quando o balão, que se rasgou em uma árvore ao cair, começou a esvaziar.
"Chegamos perto lentamente e vimos um homem bebendo. Desceu e descobrimos que era um 'gora' (homem branco). Nunca tínhamos visto um deles", afirmou Tulsi Ram Yadav, outro agricultor.
"Só entendíamos 'no' e 'thank you"', disse Yadav. Mesmo sem compreender o que Fossett falava os habitantes do lugar levaram leite para o balonista.
Outro homens da aldeia proibiram que as mulheres chegassem perto de Fossett por temer que ele fosse um terrorista.
Na manhã de ontem, a desconfiança -e o mal-entendido sobre a origem divina do americano- haviam cessado.
Fossett contou com a ajuda de cerca de 2.000 habitantes de povoados da região para recolher o balão danificado. Durante a noite, os moradores montaram guarda para espantar eventuais saqueadores. "É uma questão de honra para nosso vilarejo", disse o camponês Yadav.
Ao chegar, Fossett sentiu ter sido recebido "com apreensão" pelos moradores. Já sem combustível, seu balão havia planado pelo vale do rio Ganges, o que atraiu a atenção das aldeias.
Por ter conseguido planar, Fossett acabou batendo os recordes de permanência no ar a bordo de um balão e distância percorrida. Mas ainda não sabe se voltará a tentar ser o primeiro a dar a volta ao mundo no aparelho sem pousar.
O balonista ainda deve ficar na Índia por mais alguns dias, descansando e recolhendo os equipamentos. Segundo uma previsão feita ontem por ele, nos próximos três anos alguém conseguirá completar a façanha.

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