São Paulo, quinta-feira, 23 de janeiro de 1997 |
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PMDB quer trocar reeleição por fidelidade CLÓVIS ROSSI CLÓVIS ROSSI; MARTA SALOMON
MARTA SALOMON O PMDB aceita votar a reeleição na data exigida pelo governo (28 ou 29) desde que a emenda inclua uma reforma política que dê ao partido o que seu líder no Senado, Jader Barbalho (PA), chama de "garantia de sobrevivência". Traduzindo: o PMDB quer acoplar à emenda da reeleição itens como fidelidade partidária e exigência de desincompatibilização para os ocupantes de cargos executivos. Os caciques peemedebistas temem que, sem essas salvaguardas, o partido sofrerá uma verdadeira lipoaspiração por parte do PSDB e do PFL. "Esvaziamento" "Se o PFL fizer a presidência do Senado e com os riscos que a candidatura do PMDB corre na Câmara, o partido tende ao esvaziamento", diz, por exemplo, o senador Ronaldo Cunha Lima (PB). Reforça seu colega Pedro Simon (RS): "Se o partido concordar em votar a reeleição no dia 29, a implosão do PMDB começa nesse dia". Com a fidelidade partidária, acha Simon, o partido ainda poderia conter a sangria temida. O senador da Paraíba discutiu essa proposta anteontem, em encontro com o presidente Fernando Henrique Cardoso, ao qual deixou claro que a crise não é com o presidente. "Disputa de poder" "Trata-se de uma disputa de poder entre PMDB e PFL", disse. Líderes governistas garantem que, se o problema é ampliar a reforma política, não oporão maiores dificuldades. A dúvida é saber se acenos do governo de aceitar a reforma política mais ampla bastarão para satisfazer o PMDB e levá-lo a votar a reeleição dia 28 ou 29. Pela manhã, Jader dizia que, embora a convenção partidária tivesse determinado que o PMDB só deve votar após a eleição das mesas, poderia receber outra interpretação, no caso de haver "a salvaguarda da reforma política". Mas, à tarde, ele mesmo dizia que está mantida a decisão de não comparecer para votar na semana que vem. Motivo: aprovada a reeleição, o partido não teria garantia alguma de que as salvaguardas viriam depois. Cálculos Cunha Lima calcula que 30 dos 99 deputados do PMDB obedecerão à orientação dos senadores e não votarão. Os governistas acham que são só 20. Mas o problema é bem mais generalizado do que acredita o comando governista. O senador Casildo Maldaner (PMDB-SC), embora a seção regional do partido esteja fechada com a reeleição, diz que "os companheiros estão com um ouvido na convenção e outro no diálogo com o governo, num grande dilema existencial". É por essas incertezas e dúvidas que até um senador governista, Gilberto Miranda (PFL-AM), assume a aposta: "Se o governo colocar a emenda em votação, perde". Texto Anterior: Bilhões de gols Próximo Texto: PSDB e PFL divergem sobre o que fazer Índice |
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