São Paulo, quinta-feira, 23 de janeiro de 1997
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Brasil tem 16 milhões de analfabetos

DANIELA FALCÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Brasil é o país da América do Sul que tem o segundo maior percentual de analfabetos entre a população adulta. A Bolívia é a campeã: 19,5% dos habitantes maiores de 15 anos não sabem ler nem escrever.
Segundo o IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Brasil tinha em 1995 cerca de 16 milhões de analfabetos -equivalente a 15,6% da população acima de 15 anos.
Os demais países do Mercosul têm taxa de analfabetismo bem menor do que a brasileira. O Uruguai é o mais bem-sucedido: 3% da população adulta não sabe ler. Em seguida, vem a Argentina (4% de analfabetos) e o Paraguai (8,5%).
O ministro Paulo Renato Souza (Educação) afirmou ontem que o país já está trabalhando para reduzir o número de analfabetos. Sua expectativa é que nos próximos seis anos a taxa de analfabetismo caia para menos de 10%.
Paulo Renato participou ontem em Brasília de reunião preparatória para a Conferência Internacional de Educação de Adultos, que acontecerá entre 14 e 18 de julho, em Hamburgo (Alemanha).
Representantes de outros 20 países da América Latina e do Caribe também estão participando da reunião preparatória que acontece até amanhã.
Neste ano, a verba do MEC para programas de educação de adultos deverá ficar em torno de R$ 55 milhões. Em 96, havia sido de R$ 36 milhões e, em 95, de R$ 17 milhões.
"Estamos fazendo nossa parte. Cabe aos Estados e municípios agora fazer a deles", disse. Segundo Paulo Renato, a receita do Fundo de Valorização do Ensino Fundamental também poderá ser usada para programas de alfabetização e educação de adultos.
O ministro criticou ainda as grandes campanhas nacionais para eliminar o analfabetismo que foram feitas entre 1950 e 1970. Segundo ele, elas ignoravam as especificidades de cada região do país.
"O declínio do analfabetismo que ocorreu no período se deveu muito mais à progressiva universalização do acesso à escola do que às campanhas de alfabetização."
Segundo Paulo Renato, como o público é muito heterogêneo, é preciso fazer campanhas específicas dependendo da faixa etária e do local em que vive o analfabeto.
O ministro utilizou como exemplo de bom programa o Alfabetização Solidária, que reúne empresas privadas, universidades e governo federal.
O programa pretende alfabetizar cerca de 9.000 jovens e adultos de 38 cidades das regiões Norte e Nordeste que têm taxa de analfabetismo superior a 50% da população adulta.
Em 97, ele funcionará experimentalmente. Se der certo, poderá ser estendido ao resto do país.

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