São Paulo, quinta-feira, 23 de janeiro de 1997
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Declaração de Malan acalma o mercado

LUIZ ANTONIO CINTRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A declaração do ministro Pedro Malan (Fazenda), dizendo que quer "aperfeiçoar" o sistema de bandas cambiais, serviu para reforçar a tese que o governo sustenta desde a crise mexicana: pouca coisa deve mudar nessa área.
Pelo menos foi essa a avaliação que prevaleceu entre operadores e executivos do mercado, que operam com compra e venda de dólar, ouvidos ontem pela Folha.
O ministro Malan preferiu falar quase nada quando perguntado sobre o que acontecerá com o sistema de bandas, criado pelo economista Pérsio Arida, no início de 95, na ocasião presidente do BC.
A banda, com os valores mínimo e máximo das cotações do dólar comercial, serve para mostrar ao mercado até onde as cotações -e a especulação- podem ir.
Vários fatores ajudam a entender a reação tranquila do mercado, justamente no "day after" da divulgação do déficit comercial recorde de US$ 5,5 bilhões, em 96.
Em primeiro lugar, a banda atualmente em vigor -piso de R$ 0,97 e teto de R$ 1,06- tem seus dias contados: a cotação máxima deve ser atingida em março.
Em segundo lugar, porque o BC já vendeu aos grandes investidores US$ 2 bilhões em NTNs (Notas do Tesouro Nacional) cambiais.
Esse título oferece, a quem o compra, proteção para uma eventual desvalorização do real em relação ao dólar -é corrigido pela variação cambial. E é usado pelo BC para conter a especulação.
"O BC já deu sinais que possui pelos menos mais US$ 2 bilhões em NTNs para 'enfiar' no mercado", diz Pedro Scarpa, da mesa de câmbio do BBA Creditanstalt.
Para Scarpa, os negócios durante o dia de ontem demonstraram que o mercado está mais calmo, com as cotações recuando na BM&F.
Ele acredita que a política cambial do BC pode seguir a chilena.
Lá as desvalorizações da moeda nacional levam em conta a evolução de uma cesta de moedas internacionais -dos principais parceiros econômicos do país.
Outro ponto aventado por operadores é a unificação dos mercados comercial e flutuante de dólar.
Bovespa
A Bolsa de São Paulo fechou ontem com queda de 1,11% com relação ao dia anterior e movimento financeiro de R$ 490,1 milhões. No dia, a Bolsa chegou a subir 0,4%.

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