São Paulo, sexta-feira, 24 de janeiro de 1997
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Fala de Pádua é elogiada

DA SUCURSAL DO RIO; DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO

O depoimento prestado anteontem por Guilherme de Pádua provocou polêmica entre as pessoas que assistem ao julgamento.
A estudante de direito Renata Tavares da Costa, 20, contou que viu "olhares tortos" em sua direção quando disse, na assistência, que Pádua era inocente até que provassem o contrário.
"Ele já entrou condenado pela mídia." Para ela, o réu foi "convincente". "Se eu fosse jurada, mudaria minha opinião só com o jeitinho como ele falava", disse.
Já para um grupo de mães de crianças desaparecidas, as palavras de Pádua não foram tão comoventes. "Acho que ele foi de um cinismo fora do comum. Se ele não for culpado, não há mais justiça no nosso país", afirmou Ivanice Esperidião Santos, mãe de Fabiana, 15, desaparecida.
Entre o defensor de Pádua, Paulo Ramalho, e o promotor Mauricio Assayag, também houve, claro, discordância.
"O Ministério Público entende que não há nenhuma prova no processo que corrobore o depoimento. Ele pôde exercitar de forma plena o seu direito de defesa, mas a promotoria não tem o menor convencimento do que disse o acusado", declarou Assayag.
"Foram cinco horas de respostas sem hesitação, sem titubear. O fato de ele ser detalhista é a maior prova de que a história não é mentirosa", disse Ramalho.
Sem demonstrar constrangimento ou embaraço no depoimento, Pádua deu ênfase a detalhes que, supostamente, comprometeriam sua ex-mulher, Paula Thomaz -mesmo nos momentos em que, aparentemente, a defendia ou se referia a ela "carinhosamente".
Foi assim quando, em tom de denúncia, fez questão de relatar ao juiz, José Geraldo Antônio, a suposta confissão informal que a mulher teria feito a policiais -que, segundo Paula, nunca aconteceu.
"Eu disse a Paula: por que você foi confessar? Eu não disse que ia segurar tudo sozinho?" Segundo ele, os policiais enganaram sua ex-mulher, dizendo-lhe que Pádua já confessara "tudo".
Pádua não se mostrou intimidado pelo juiz José Geraldo Antônio e chegou, em alguns momentos, a quase discutir com o magistrado -que, por sua vez, demonstrou irritação e impaciência com o réu.
Para contar sua versão sobre o homicídio, o ator, além de encenar supostas falas de Daniella e Paula, levantou-se (com a permissão de Antônio) e representou o momento da briga entre Daniella e Paula.

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