São Paulo, sexta-feira, 24 de janeiro de 1997
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Possível freio na economia agita mercado

LUIZ ANTONIO CINTRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O fato de a TBC (Taxa do Banco Central) de fevereiro, fixada em 1,66%, ter mantido a tendência de queda dos últimos meses não significa que o governo descarte aplicar um freio no ritmo de atividade.
A avaliação, de economistas e executivos financeiros ouvidos pela Folha, leva em conta fatores políticos -as negociações em torno da emenda da reeleição-, mas também algumas questões estritamente econômicas.
A importância da TBC, usada pelo Banco Central nos empréstimos aos bancos que têm problemas de caixa, reside no fato de ela servir como piso para as demais taxas.
Ou seja, na medida que a TBC recua, as demais taxas de juros -inclusive aquelas cobradas nos empréstimos a empresas e pessoas físicas- tendem a cair também, ainda que não no mesmo ritmo.
Assim, quando o governo definiu a TBC de 1,66% para fevereiro, contra 1,70% de janeiro, quis mostrar ao mercado que não pensa, no momento, em esfriar a economia.
No entanto, na opinião de especialistas, a coisa não é tão simples assim, já que o atual nível de demanda tem forte impacto no consumo -o que tem significado expressivos déficits comerciais.
O principal instrumento que o governo deve usar para conter a economia, avaliam, são restrições ao crédito.
"Na medida que você diminui os prazos de financiamento, o consumo recua sem que seja preciso mexer nos juros", analisa Pedro Scarpa, do BBA Creditanstalt.
Mas é possível que a estratégia inclua acelerar as desvalorizações do real em relação dólar para encarecer os importados.
Nervosismo
Contrariando alguns mais otimistas, o dia de ontem no mercado de câmbio reforça a tese de que o atual ímpeto de crescimento da economia é insustentável.
Ontem, a desvalorização do câmbio projetada nos mercados futuros bateu 0,9% ao mês para o período de abril a julho. Esse índice era de 0,72% há alguns dias.
No final da tarde, alguns bancos procuravam no mercado NTNs cambiais para comprar e se proteger de uma desvalorização mais forte do real -e não conseguiam.

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