São Paulo, sexta-feira, 24 de janeiro de 1997
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Começa amanhã em Lyon 6º Bocuse d'Or

EITAN ROSENTHAL
ESPECIAL PARA A FOLHA

Começa amanhã, em Lyon, na França, o 6º Bocuse d'Or, que marca os dez anos da competição. Realizado a cada dois anos, sempre nessa cidade, é o mais importante torneio internacional de gastronomia da atualidade.
São 22 países, indicados como sendo os mais significativos pólos da culinária mundial, disputando o troféu que leva o nome desse aclamado chefe que virou uma grande estrela da mídia, com créditos de precursor da "Nouvelle Cuisine", ainda na década de 70.
O Brasil faz sua terceira participação, representado pelo chef Antonio Francisco dos Santos, conhecido como Naim, e seu ajudante, Rodrigo Martins.
Para se habilitar, esse piauiense, nascido na pequena e remota Dom Pedro 2º e atualmente titular da cozinha do Merit Plaza Hotel, de Belo Horizonte, teve que superar mais de 200 concorrentes na etapa nacional, o Toque d'Or, que aconteceu em abril de 96, em São Paulo.
Em 1987, na primeira edição do torneio, o Brasil ficou em 22º e último lugar. Em 1995, já mais bem preparado, conseguiu evoluir à 16º colocação.
Para este Bocuse d'Or, Naim passou por 300 horas de treino com os maiores nomes da cozinha paulistana, desenvolvendo suas receitas e repetindo-as à exaustão, simulando as condições do certame.
"Nossa meta é ficar entre os dez melhores", propõe Laurent Suaudeau, presidente da Abag (Associação Brasileira de Alta Gastronomia) e líder da delegação brasileira, "o que significaria entrar para um grupo seletíssimo de nações gastronômicas".
O chefe Jorge Monti, que participou como competidor em 1991, representando a Argentina, explica a importância da intensa preparação.
"O júri é especialmente rigoroso com os iniciantes, que acabam cometendo pequenas falhas e perdendo pontos. Mas vale a pena, pois ir ao festival é como tocar o céu com as mãos."
Os franceses acumulam quatro triunfos, a Noruega e Luxemburgo, uma vitória cada. Bélgica, Alemanha, Suécia, Dinamarca e Singapura também têm se destacado nas últimas competições.
Como o país vencedor não pode participar da edição subsequente, neste ano não enfrentaremos a França, virtualmente imbatível, que ganhou todos em que tomou parte.
Para ter uma idéia do nível técnico do certame, em que cada participante executará uma receita de pernil de porco e outra de bacalhau fresco, a receita brasileira de porco exige 54 ingredientes, detalhada em explicações que consomem seis páginas de papel ofício. Naim terá cinco horas para executá-la.
A delegação brasileira será composta por 35 pessoas, entre eles os 12 finalistas do Toque d'Or. O investimento total do projeto ultrapassa os R$ 400 mil, patrocinados pela Nestlé, com apoio da Abag e do Hotel Sheraton Mofarrej.

E-mail eitan@trattoria.com

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