São Paulo, sexta-feira, 24 de janeiro de 1997
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Quatro ases mais dois

CLÓVIS ROSSI
BRASÍLIA _ SINOPSE DA NOVELA REELEIÇÃO:

1 - os senadores do PMDB decidiram propor ao presidente Fernando Henrique Cardoso que a votação se faça no dia 5. Acham que é uma concessão, já que a convenção partidária mandara votar apenas a partir do dia 15.
2 - o presidente dirá não. Acha impraticável votar no dia seguinte à eleição para a Mesa do Senado, que fatalmente deixará trincas.
3 - nos capítulos do fim-de-semana, vai se ver se os senadores amolecem ou não. Se cederem, a emenda é votada dia 28 ou 29 e provavelmente passa.
4 - mas, mesmo que não cedam, o governo fechou questão: quer votar na semana que vem de qualquer jeito.
5 - sem a fatia do PMDB que responde aos senadores, o governo vai para o arrastão. Ou seja, cria um ambiente de "já ganhou" e confia em que "os deputados não ousarão votar contra a rua", como diz o senador Sérgio Machado (CE), líder do PSDB no Senado.
Traduzindo: o governo acha que o eleitorado é francamente favorável à reeleição e os deputados seriam, portanto, sensíveis à pressão popular.
6 - mas o governo aposta também no convencimento de peemedebistas com o argumento do troféu: "Se a emenda não for votada na semana que vem, o PMDB não leva troféu algum", diz José Roberto Arruda (PSDB-DF), líder do governo no Congresso.
É um argumento forte. Se a emenda não for votada na semana que vem, o PMDB não ganha grande coisa. Pode ser votada mais adiante ou a decisão pode ser transferida do Congresso para a rua, via plebiscito. E qualquer caminho não assegura ao partido as presidências da Câmara e do Senado, cavalo de batalha peemedebista.
7 - se o argumento do troféu não colar, o governo ganha mesmo assim?
Responde o presidente do Congresso, senador José Sarney (PMDB-AP): "Um diz que tem quadra de ases na mão e, o outro, que tem um par de ases. Como o baralho só tem quatro ases...".

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