São Paulo, sábado, 25 de janeiro de 1997
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Desafio é crescer, afirma presidente do Cade

DA REPORTAGEM LOCAL

O economista Gesner de Oliveira, presidente do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) disse que o grande desafio da economia brasileira agora é obter um crescimento mais rápido com uma inflação anual menor do que 10%.
A afirmação foi feita durante o debate "Desafios da Pós-Estabilização", realizado na última quinta-feira no auditório da Folha.
Participaram ainda o ex-ministro Mailson da Nóbrega, o economista Paulo Nogueira Batista Jr. e o advogado Tércio Sampaio Ferraz. A mediação foi de Celso Pinto, do Conselho Editorial da Folha.
O evento marcou o lançamento do livro de Gesner de Oliveira "Brasil Real - Os desafios da pós-estabilização na virada do milênio" (Editora Mandarin).
"Essa é a grande oportunidade histórica para o país conseguir crescimento sustentado, estabilidade de preços e democracia, uma coincidência que nunca logramos obter", afirmou Oliveira.
Em seu livro, Oliveira analisa as experiências brasileiras com planos de estabilização. Ele atribuiu o êxito, até agora, do Plano Real, ao acúmulo de conhecimento conceitual e conhecimento político sobre processo de estabilização.
Oliveira destacou ainda três fatores complementares para explicar o relativo êxito do Real em comparação com o Plano Cruzado, de 86, e o Plano Collor 1, de 90: Tecnologia da estabilização; circunstâncias externas e internas da economia e demanda por estabilidade.
O ex-ministro Mailson da Nóbrega destacou dois fatores responsáveis pelo êxito do plano, até agora: o apoio social ao combate à inflação e a restauração dos fluxos de recursos externos para a América Latina.
Esse último fator, disse, está permitindo o financiamento dos déficits em transações correntes.
Mailson disse que o desafio da pós-estabilização é crescer. "'Não podemos ficar muito tempo sem crescer", disse.
Para ele, a permanência de um crescimento muito abaixo do potencial brasileiro pode ter consequências sérias.
"A principal é a redução do apoio social, o que pode produzir um círculo vicioso que começa com dificuldades adicionais à realização das reformas e termina tragicamente com a vitória de uma proposta política populista".
Paulo Nogueira Batista Jr. disse que a estabilização brasileira é um processo recente e está longe de poder ser considerada uma estabilização consolidada.
Discordando do tema do debate, Batista disse que o país ainda não ingressou na fase da pós-estabilização.
Isso, disse, não só porque não houve tempo para que ela pudesse ser consolidada, mas porque muitos dos mecanismos que foram usados deixaram sequelas negativas. "Essas sequelas têm agora de ser enfrentadas para permitir que se possa falar em consolidação da estabilização."
Batista disse que o grau de desajuste das contas públicas e a sobrevalorização do câmbio são dois problemas a serem resolvidos antes que se possa falar em pós-estabilização no Brasil.

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