São Paulo, sábado, 25 de janeiro de 1997
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Acusação diz não saber quem deu golpes

MAURO TAGLIAFERRI

MAURO TAGLIAFERRI; SERGIO TORRES
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Assistente da promotoria afirma que casal matou, mas que até agora não sabe quem é mais culpado

SERGIO TORRES
Passados mais de quatro anos da morte de Daniella Perez, a acusação desconhece quem foi o autor dos golpes fatais que a mataram.
O assistente de acusação, advogado Arthur Lavigne, disse ontem em um intervalo do julgamento, realizado no plenário do 1º Tribunal do Júri (centro do Rio), que ainda não concluiu se os golpes foram dados por Guilherme de Pádua ou por Paula Thomaz.
"O casal matou. É muito difícil saber qual dos dois é mais culpado. Eu, em quatro anos de trabalho, não consegui formar uma idéia de qual dos dois é mais culpado."
No libelo acusatório preparado pela promotoria, Guilherme de Pádua é apontado como autor dos golpes fatais.
No primeiro quesito do libelo, a ser apresentado aos sete jurados, é perguntado se Pádua desferiu os golpes na atriz.
Para o advogado de defesa, Paulo Ramalho, se os jurados entenderem que não foi Pádua quem golpeou, o acusado terá de ser absolvido. Cada quesito do libelo deve ser respondido sim ou não.
"Eles não podem se afastar do libelo, que é imutável. No processo do júri, o fato imputado tem de ser concreto. São condutas concretas que serão julgadas", disse.
Lavigne reconheceu que o libelo não aborda a possibilidade de Pádua ter sido o co-autor do crime.
"O fato é que Guilherme está sendo acusado de ter desferido os golpes. Esta é a acusação", disse o assistente de acusação.
Lavigne disse que a estratégia do advogado de defesa consiste em tentar demonstrar que os golpes foram desferidos por Paula.
Pádua assume apenas ter imobilizado Daniella com uma "gravata" que a teria feito desmaiar. Ele diz que não era sua intenção matá-la e atribui a autoria dos golpes com instrumento perfurocortante (tesoura, segunda sua versão) à ex-mulher.
O desenrolar do julgamento, aparentemente favorável à defesa de Pádua, preocupava ontem Lavigne e os promotores José Piñeiro Filho e Maurício Assayag.
"Se os jurados se equivocarem nas respostas, pode ocorrer uma absolvição. O Guilherme poderá ser absolvido se eles entenderem que ele não participou", afirmou o assistente de acusação.
Lavigne disse que a estratégia de Ramalho é "uma tentativa de distorcer a realidade".

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