São Paulo, sábado, 25 de janeiro de 1997
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Transações correntes estouram meta

ALEX RIBEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As transações correntes, o principal indicador das contas externas, estouraram o limite fixado pelo governo em 96.
O déficit anual ficou em 3,27% do PIB (Produto Interno Bruto, total das riquezas produzidas no país), o maior desde 83.
O governo trabalhou em 96 para manter o déficit em transações correntes abaixo de 3% do PIB.
Esse déficit significa que, nas principais transações do país com o exterior, as despesas superaram as receitas em US$ 24,347 bilhões.
Além da balança comercial (exportações menos importações), as transações correntes incluem a balança de serviços (juros, viagens internacionais, lucros etc.) e as transferências unilaterais (dinheiro enviado ao Brasil por residentes no exterior e vice-versa).
As transações correntes são um indicador importante das contas externas porque medem a dependência do país em relação ao capital estrangeiro.
Quando o país tem mais despesa que receita em suas transações com exterior, é necessário cobrir o déficit resultante com investimentos estrangeiros ou aumentar a dívida externa.
Para a equipe econômica, se respeitado esse teto de 3% do PIB, a dependência em relação ao capital estrangeiro seria aceitável.
Para 97, tudo indica que o resultado das transações correntes fique pior que o de 96.
O governo já trabalha com a possibilidade de o déficit comercial ficar em US$ 8 bilhões. Os investimentos feitos no país devem provocar aumento das importações.
A balança comercial é o item das transações correntes que tem merecido a maior atenção do governo. Para incentivar as exportações, foram anunciadas linhas de crédito e um seguro, e foi criada a isenção do ICMS sobre produtos exportados.
Juros
Nos juros, o quadro também deverá ser pior. Em 97, é esperado um gasto maior com juros, segundo o diretor do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes.
Em 96, o pagamento de juros ficou em US$ 12,758 bilhões, o que já representa um crescimento de 22,17% em relação ao ano anterior.
Nos demais itens das transações correntes, também não há expectativa de melhora.
O mais representativo deles são as viagens internacionais, que registraram uma despesa líquida de US$ 3,593 bilhões -uma piora de 48,5% em relação ao ano anterior.
No item transportes, o gasto com compras de passagens internacionais subiu de US$ 482 milhões para US$ 577 milhões, entre 95 e 96.
Para o presidente do BC, Gustavo Loyola, o déficit dessa conta não justifica a adoção de nenhuma medida de restrição aos gastos que brasileiros fazem no exterior e compras por cartão de crédito.
As transferências unilaterais caíram de US$ 3,973 bilhões para US$ 2,899 bilhões, entre 95 e 96.

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