São Paulo, sábado, 25 de janeiro de 1997
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CPMF não deverá segurar economia

Governo provocaria o desaquecimento

GUSTAVO PATÚ
COORDENADOR DE ECONOMIA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Perde força no governo e no mercado a avaliação de que poderá haver um "freio natural" na economia neste primeiro trimestre, eliminando a necessidade de medidas de restrição ao consumo e ao crédito para conter as importações e o déficit comercial.
A tese do "freio natural" se baseia em dois pontos principais: a CPMF retiraria dinheiro da economia e a alta da inadimplência tornaria os bancos mais cautelosos em seus empréstimos.
No caso da CPMF, acreditava-se que os mais de R$ 20 bilhões depositados em fundos de curto prazo iriam para contas correntes para fugir do novo tributo, que torna tais fundos um mau negócio.
Isso retiraria dinheiro da economia, porque 75% dos recursos em conta corrente devem ser recolhidos ao Banco Central. O recolhimento compulsório dos fundos de curto prazo é de 50%.
Grande parte dos bancos, porém, está optando por compensar os clientes pelas perdas nos fundos de curto prazo geradas pela CPMF, a começar pelo Banco do Brasil, líder do mercado em número de correntistas.
Hoje o governo acredita que, no máximo, R$ 10 bilhões migrem dos fundos para as contas correntes. No mercado, as estimativas vão de R$ 4 bilhões a R$ 8 bilhões.
Até o último dia 17, pelos dados mais atualizados do BC, não havia migração. Os fundos de curto prazo tinham depositados R$ 21,733 bilhões, mais que os R$ 21,622 bilhões do início de dezembro.
O consultor e ex-ministro da Fazenda Mailson da Nóbrega é um dos que acreditavam no "freio natural" e reviram sua posição. Hoje, ele aposta que o governo terá que tomar medidas para desaquecer a economia -leia-se elevar os juros para empresas e consumidores.
Para sustentar sua opinião, ele diz que a inadimplência não cresceu como se esperava nem houve queda do salário real, a partir dos dados disponíveis.

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