São Paulo, sábado, 25 de janeiro de 1997
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Factoring já começa a reduzir os juros

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

As taxas de juros cobradas pelas factorings, empresas que "compram" cheques, sobretudo do comércio, já começam a cair, ainda que lentamente.
Isso já seria reflexo da decisão do CMN (Conselho Monetário Nacional) de permitir que os bancos também emprestem dinheiro tendo como garantia cheques pré-datados -mais aceitos pelas lojas-, o que acirraria a concorrência.
Ontem, a taxa de juros mais alta cobrada pelas empresas reunidas na Anfac (Associação Nacional de Factoring) foi de 4,52% ao mês. No dia anterior havia sido de 4,56%.
A taxa de juros mais baixa registrada ontem foi de 3,35% ao mês. Na quinta-feira, havia ficado em 3,40%. A tendência, segundo a Anfac, é que a taxa mais alta não passe de 4% até o final de fevereiro.
Luiz Lemos Leite, presidente da Anfac, diz que o fato de os bancos também estarem autorizados a fazer a operação de "compra" de cheques não preocupa.
"Os lojistas participam com 20% do nosso negócio." Ele conta que as 665 factorings espalhadas pelo país movimentam cerca de R$ 1 bilhão por mês.
"Temos 50 mil pequenos e médios clientes da indústria, do comércio e do setor de serviços no país. Acredito que eles não vão sair correndo atrás dos bancos."
Para Lemos Leite, as factorings trabalham mais com as empresas que têm dificuldades para se organizarem. "Se os juros caírem, vai ser bom para todo mundo."
Viktor Vitia, proprietário da Vitia, que tem seis lojas de roupas femininas, diz que a decisão do CMN de autorizar os bancos a emprestarem dinheiro tendo como garantia os cheques pré-datados "apenas legaliza o que já ocorria na prática".
"Os bancos já faziam essa operação. Por isso não acredito na redução das taxas de juros", diz Vitia. Ele conta que, para "vender" os cheques que recebe dos consumidores, paga hoje aos bancos juros de 3,8% a 4% ao mês.
Os cheques pré-datados (em até quatro vezes) participam com 30% da venda da Vitia. Vitia diz que boa parte dos cheques é descontada imediatamente.
Para Anderson Birman, sócio-proprietário da Arezzo, que tem 77 lojas de sapatos no país, o fato de os bancos poderem financiar empresas tendo como garantia os cheques pré-datados vai provocar queda dos juros.
Ele diz que a Arezzo aceita pré-datado -em até quatro vezes-, mas não desconta em factorings. "Podemos pensar em fazer essa operação se os juros caírem mesmo."
Ele acredita, no entanto, que, com a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), o consumidor vai voltar a carregar mais dinheiro no bolso.
Para Kiko Amorim, diretor de franquia da Forum, a decisão do CMN vai ajudar as empresas que estão descapitalizadas. O cheque pré-datado representa 30% da venda da Forum.

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