São Paulo, sábado, 25 de janeiro de 1997 |
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Para Fiesp, CPMF vai refletir nos preços CLAUDIA GONÇALVES E LUCIANA SCHNEIDER CLAUDIA GONÇALVES; LUCIANA SCHNEIDER
Grandes redes de supermercados, como o Paes Mendonça e o Grupo Sendas, estão decididas a não repassar a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) para os preços dos seus produtos devido à concorrência. Essas redes também descartam a hipótese de grandes aumentos por parte dos fornecedores. "O valor (da CPMF) é pequeno e suportável. Vamos absorvê-lo e acho que a maioria dos supermercados fará o mesmo", afirma Vander Luiz Vasconcelos, diretor superintendente do Paes Mendonça. Ele não acredita num suposto aumento de preços desencadeado pela CPMF. Segundo Vasconcelos, os aumentos notados atualmente devem-se à sazonalidade de alguns produtos, como os hortifrutigranjeiros, que foram prejudicados pelas chuvas, e aos produtos de verão, como a cerveja. Arthur Antonio Sendas, presidente do Grupo Sendas, também acha difícil que seus supermercados façam algum tipo de repasse. "O mercado não está absorvendo aumentos, pois a competição é muito grande", conclui. Para Paulo Afonso Feijó, presidente da Abras (Associação Brasileira dos Supermercados), é absurdo dizer que alguns segmentos elevarão seus preços em até 10% em decorrência do imposto. "Talvez até haja um repasse por causa da sazonalidade de alguns produtos e das variações do mercado, mas não devido à CPMF", analisa. Já Armando Jorge Peralta, vice-presidente da Abras, acredita que a CPMF fará parte dos custos dos produtos, mas o aumento de preços só ocorrerá se houver outros fatores. "Ninguém vai querer remarcar só por causa de 0,20%." Luiz Fernando Furlan, presidente do Conselho de Administração da Sadia, diz que essa polêmica em torno do aumento nos preços dos produtos, por causa da CMPF, é irrelevante. "O mercado está muito competitivo. O consumidor de hoje está procurando o melhor lugar para comprar", diz Furlan. "Acho que o mercado vai se acomodar." Carlos Eduardo Moreira Ferreira, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) é mais radical. Para ele, a CPMF é inconsequente e burra. "Inconsequente, porque não vai resolver o problema da saúde no Brasil. E burra, porque afeta a economia e vai contra o processo de estabilização", afirma. Segundo estudos feitos pela Fiesp, a CPMF pode chegar a ter um impacto direto de até 1% no custo final do produto. Uma taxa muito alta, avalia Moreira, se comparada aos níveis de inflação atuais no Brasil. Texto Anterior: Entenda as mudanças nos pré-datados Próximo Texto: Prostituição serviu para captar recursos Índice |
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