São Paulo, sábado, 25 de janeiro de 1997 |
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Prostituição serviu para captar recursos
HÉLIO SCHWARTSMAN
Com efeito, há registro de templos babilônios oferecendo empréstimos a juros que datam de 2000 a.C. -época em que nem o latim existia. E os templos babilônios possuíam recursos graças a um fenômeno bastante comum na Ásia Menor: a prostituição sagrada. As fontes históricas, em geral gregas, são escassas e bastante preconceituosas. Embora tenham criado a historiografia, os autores helênicos adoravam exagerar e, às vezes, até inventar. Ainda assim, vale a pena reler alguns trechos de Heródoto: "Vejamos agora o costume mais vergonhoso dos babilônios. É preciso que cada mulher do país, uma vez em sua vida, se una a um homem estrangeiro no templo de Afrodite (na verdade, Ishtar, que Heródoto identifica à deusa grega do amor) (...) Quando uma mulher está sentada ali (nas cercanias do templo), tem de esperar para poder voltar à casa -que um estrangeiro lhe tenha jogado dinheiro nos joelhos e se tenha unido a ela no interior do templo (...) Dá-se a soma de dinheiro que se quer e a mulher não tem absolutamente o direito de recusar o homem, pois o dinheiro é sagrado (...) As que são belas e têm um belo corpo podem voltar rapidamente para casa; mas as feias são obrigadas a ficar ali por muito tempo, sem poder satisfazer a lei. Algumas ficam lá por três ou quatro anos". Como diria Vinícius, beleza é, ou pelo menos era, realmente fundamental... Foi muito provavelmente esse acúmulo de "dinheiro sagrado" que possibilitou aos templos tornar-se as primeiras instituições financeiras. Quem precisava de dinheiro ia aonde ele estava, ou seja, aos templos de Ishtar. Foi muito possivelmente de um desenvolvimento desse tipo de atividade que acabou surgindo a primeira instituição privada que oferecia crédito e remunerava depósitos, o banco Igibi, também da Babilônia, que data de cerca de 575 a.C. Texto Anterior: Para Fiesp, CPMF vai refletir nos preços Próximo Texto: Preços sobem 0,66% em São Paulo Índice |
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