São Paulo, sábado, 25 de janeiro de 1997
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Famílias têm medo de assaltos

JUNIA NOGUEIRA DE SÁ
DA ENVIADA ESPECIAL A FOZ DO IGUAÇU

Sentada debaixo do caminhão do marido, Miriam Delfino desabafa: "Eles pensam que motorista é filhote de cachorro".
A carga de azeitonas que segue para Belo Horizonte espera pela liberação há cinco dias, sem previsão de seguir em frente. Na boléia, o filho de 3 anos, Efraim, e dois primos, Jean e Jonas, de oito anos.
Como os motoristas dos 250 caminhões parados no posto Tancredo Neves, a família tem medo de assaltos. Gangues de meninos, algumas vezes armados, saqueiam as "cozinhas" dos caminhões, onde os motoristas levam fogareiro, panelas e mantimentos para a viagem. Mais raramente, roubam alguma coisa das cargas.
"A gente não tem sossego aqui", diz João Rodrigues da Silva, que leva couro para Curitiba e viaja acompanhado da mulher, Kátia, e a filha dela, Rafaela. "Nem de dia, nem de noite", emenda João Ricardo Silveira, que transporta peras num caminhão frigorífico para Belo Horizonte. Para não perder a carga, o motor fica ligado 24 horas, acionando a refrigeração.
No posto, há um único banheiro, nenhum chuveiro. Não há polícia, e o lugar mais próximo em que se pode comer fica a 500 metros. Os motoristas não podem largar o caminhão, e fazem revezamento para se afastar deles.
A maior parte sabe que a importação está dificultada neste mês de janeiro por algum entrave burocrático, mas não tem maiores informações. Não sabe o que é Siscomex.
(JNS)

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