São Paulo, segunda-feira, 27 de janeiro de 1997 |
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Governo agora evita choque com PMDB
DENISE MADUEÑO
Na ofensiva final para tentar aprovar a emenda da reeleição nesta semana, o governo decidiu abandonar o enfrentamento e tentar encontrar uma saída honrosa para os senadores do PMDB. O Palácio do Planalto continua não aceitando adiar a data da votação. A idéia dos governistas é convencer os senadores a liberar suas bancadas na Câmara para votar como quiserem na terça-feira. Em contrapartida, o PSDB se comprometeria a liberar a sua bancada no Senado para votar em quem bem entendesse na disputa à presidência do Congresso: Iris Rezende (PMDB-GO) ou Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). Os 13 votos do PSDB podem decidir a eleição. Sem contar com eles, os dois candidatos parecem estar praticamente empatados. Iris conta como certos os 22 votos do PMDB e os 11 dos partidos de oposição (PT, PDT, PSB e PPS). Seus aliados também acham que ele tem votos no PFL, no PSDB, e pelo menos um no PTB. ACM espera receber os 23 votos do PFL, os 5 do PPB, 3 do PTB e 1 do PSL, além dos tucanos. A proposta ainda não está selada. Até porque ACM espera que o PSDB declare apoio à sua candidatura. De nada adiantaria, nessa altura dos acontecimentos, o governo criar problemas com um dos principais caciques do PFL. Por isso mesmo, FHC marcou para ontem à noite uma reunião com toda a cúpula governista no Palácio da Alvorada. Entre os convidados, estava o presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL), filho de ACM. O governo avalia que já tem os votos suficientes para aprovar a reeleição. Dos 513 deputados, 320 já estariam fechados a favor da emenda, que precisa de um mínimo de 308 votos para ser aprovada. Mas os governistas querem selar a paz com os senadores do PMDB por dois motivos: Os senadores Iris Rezende (GO), Jader Barbalho (PA) e Ronaldo Cunha Lima (PB) não aguentariam calados ver o governo ignorá-los e partiriam para represálias no primeiro momento que tivessem chance -a emenda também tem de ser aprovada no Senado. Como o governo não termina no dia seguinte à votação da emenda -pelo contrário, o desejo de FHC é permanecer mais seis anos no poder-, concluiu-se que era melhor partir para a conciliação. Em segundo lugar, o governo estima que os três senadores controlam 26 votos na Câmara. Os 320 votos assegurados dão uma margem pequena de erro -alguns deputados podem não aparecer. Na estratégia de evitar um rompimento com os senadores, o comando peemedebista na Câmara não tenta atrair os deputados ligados aos senadores. O governo acredita que, com a liberação das bancadas de Goiás, Pará e Paraíba pelos senadores, os votos serão a favor da emenda. Além dos três senadores, existe a figura do presidente do Congresso, senador José Sarney (PMDB-AP). Dentro da estratégia de composição, FHC e Sarney se reuniram na sexta-feira na casa do ministro Sérgio Motta (Comunicações), em Brasília. No dia seguinte, assessores de Sarney afirmavam que ele avaliava que a emenda seria aprovada. O governo não tem certeza de que essa seja mesmo a avaliação de Sarney. Consideram que ele possa estar "espalhando" a tese para que, em caso de derrota da emenda na Câmara, afirme que fez o que estava a seu alcance. Texto Anterior: Aposentado protesta contra a reeleição Próximo Texto: Sessão pode ir até a madrugada Índice |
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