São Paulo, segunda-feira, 27 de janeiro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

O SUCESSO TAMBÉM ENSINA

Depois da crise cambial de dezembro de 94 e de uma depressão que derrubou o PIB em 6,6% em 95, o México cresceu 4,5% no ano passado. A inflação, que saltara de 7% ao ano em 94 para 58% em 95, caiu a 28% em 96. As previsões apontam crescimento de 4% da economia e uma inflação na casa dos 20% em 97, resultado bastante satisfatório. Tanto a crise quanto a rápida recuperação deixam lições para o Brasil.
Há cerca de dez dias o México antecipou o pagamento de US$ 1,5 bilhão dos empréstimos de socorro recebidos do FMI em 95 e de mais US$ 3,5 bilhões da ajuda concedida então pelos EUA. Ainda que a restauração da confiança financeira evidentemente não diminua o enorme sofrimento por que passou a população, nem os danos já causados ao setor produtivo, pode-se dizer que a crise mexicana é cada vez mais um fato passado.
O período deixou sequelas, como o desemprego, que continua maior que o de 94, e a elevada inadimplência, originada em 95 pela alta dos juros e a simultânea queda nas vendas.
Mas a superação das dificuldades cambiais e o controle da inflação foram bastante rápidos. Com a desvalorização do peso mexicano, as exportações aumentaram 37% em 95 e mais 20% em 96, puxando a recuperação econômica. Durante os seis anos anteriores, enquanto a taxa de câmbio era valorizada, a balança comercial esteve no vermelho. Nos últimos dois anos, registrou superávits.
É claro que a grande liquidez do mercado internacional foi fundamental. Quando da última crise, iniciada em 82, tal facilidade não existia, e tanto as dificuldades externas como a inflação se arrastaram por mais de uma década.
A crise mexicana ensinou -ou deveria ter ensinado- que, mesmo com superávits públicos e privatizações, é insustentável financiar por muitos anos uma balança comercial crescentemente deficitária. Já a nova estabilização do país mostra que é possível ter inflação baixa sem uma taxa de câmbio valorizada.

Texto Anterior: ABUSOS NA EDUCAÇÃO
Próximo Texto: (In)feliz aniversário
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.