São Paulo, quarta-feira, 29 de janeiro de 1997
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Freira é morta em favela de Recife

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

A Polícia Civil investiga a morte da freira Terezinha Batista, 63, assassinada na noite de anteontem na favela Chão de Estrelas, periferia de Recife (PE).
O corpo da freira foi encontrado com as mãos e os pés amarrados, na casa onde ela morava e mantinha atividades religiosas com a comunidade havia oito anos.
Exames preliminares apontaram como provável causa da morte a asfixia.
Pano na boca
Terezinha teria sido sufocada por um pano introduzido em sua boca pelo assassino.
A mão direita da vítima apresentava um corte, supostamente provocado por um punhal encontrado próximo ao corpo.
Não havia sinais de violência sexual no corpo da vítima.
Segundo o delegado que investiga o caso, Evaristo Ferreira Neto, 38, há indícios de que a religiosa foi vítima de latrocínio -roubo seguido de morte.
TV
A freira Maria Irene Martes, 46, que dividia a casa com Terezinha, afirma que foram roubados da casa um aparelho de TV de 14 polegadas e um relógio de pulso.
Maria, a primeira a ver o corpo, disse que não notou nenhum sinal de violência ao chegar em casa. A porta da frente estava aberta, mas não fora arrombada.
O corpo da freira estava num dos dois quartos da casa, caído entre duas camas.
Ela não usava vestes religiosas. Terezinha estava vestindo bermuda e camisa listrada azul.
Encanador
Para o delegado, a ausência de sinais de invasão podem indicar que o assassino era conhecido da vítima e tinha acesso fácil à residência.
O principal suspeito é um encanador, anunciou Ferreira Neto. "No dia do crime ele consertou uma válvula de descarga na casa."
Sobre uma mesa, na cozinha, o policial encontrou um recibo de R$ 10, assinado pelo encanador, referente ao pagamento do serviço executado no local.
O encanador ainda teria sido visto por vizinhos saindo da casa das freiras pela porta dos fundos, carregando um volume coberto por um lençol.
Até o final da tarde de ontem o encanador continuava desaparecido.
Revolta
Quatro equipes da Polícia Civil foram mobilizadas para localizar o suspeito.
Na favela Chão de Estrelas, onde existem 1.510 moradias, o clima ontem era de revolta.
"Queremos justiça", gritavam os moradores.

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