São Paulo, quarta-feira, 29 de janeiro de 1997
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A CONTA É DE TODOS

O ano passado mais uma vez tornou evidente a natureza financeira do déficit público no Brasil.
Os dados do Tesouro Nacional mostram que o governo conseguiu em 1996 reduzir as despesas com o funcionalismo. As contas do Tesouro mostram também que houve superávit primário (despesas menores que receitas, excluídas as despesas líquidas com juros). Houve até mesmo uma redução da taxa de juros (as despesas do Tesouro Nacional com juros reais tiveram uma redução de quase 12% entre 95 e 96).
Mas o Banco Central acaba de divulgar informações confirmando um aumento impressionante da dívida federal, com destaque para o socorro aos bancos. A dívida em títulos saltou de R$ 108,486 bilhões para R$ 176,173 bilhões entre 95 e 96. Um aumento de 62,39%. O socorro a bancos privados, estaduais e federais respondeu por R$ 24,362 bilhões ou pouco mais de um terço do aumento verificado na dívida pública.
Os números são ainda mais incômodos levando-se em conta que em 97 dificilmente serão possíveis alguns dos ganhos obtidos em 96, a começar pela redução dos juros.
A julgar pelo consenso que aos poucos se forma entre os analistas da conjuntura econômica, o governo deverá nos próximos meses promover um aperto da atividade econômica. Ou seja, a trajetória de redução das taxas nominais de juros verificada nos últimos meses provavelmente já chegou ao seu limite. Ao mesmo tempo, é preciso lembrar que numa economia menos aquecida reduz-se a arrecadação de impostos.
Menos receitas e mais despesas financeiras. Essa tem sido uma combinação fatal para as contas públicas.
A nação agradece os benefícios da estabilização dos últimos dois anos e meio. Mas ainda se pergunta quando será necessário e como será possível arcar com os custos que, por enquanto, vão sendo aparentemente acomodados no orçamento federal.

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