São Paulo, quinta-feira, 30 de janeiro de 1997
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"Tieta" estréia nos EUA como destaque do festival de Miami

Filme de Cacá Diegues encerra mostra no dia 9 de fevereiro

EDIANA BALLERONI
ESPECIAL PARA A FOLHA, EM MIAMI

O filme "Tieta do Agreste" fará sua estréia nos Estados Unidos como apresentação de destaque do 14º Festival de Cinema de Miami. A mostra começa amanhã e termina no dia 9 de fevereiro, com a exibição de "Tieta".
O diretor Cacá Diegues e a atriz Sonia Braga confirmaram presença. A organização do festival está tratando "Tieta" como a "piéce-de-resistance" da mostra.
Contudo, o principal jornal da Flórida, o "Miami Herald", usou todo o seu caderno de artes do último domingo para falar do festival sem mencionar o filme brasileiro.
Os organizadores argumentam que "Tieta" ainda não foi exibido para os jornalistas -e por isso não está recebendo nenhum comentário, positivo ou negativo.
O Festival de Miami não dá prêmios. Tradicionalmente, a mostra apresenta dois destaques, um na abertura e outro no encerramento, e presta uma homenagem.
O destaque de abertura deste ano é "Cosí" (de Mark Joffe), um filme australiano, apesar do nome. É uma comédia leve, que conta a história de um rapaz recém-formado que arruma seu primeiro emprego como diretor de um show de variedades em um hospício em Sydney.
Ele resolve montar a ópera "Cosí Fan Tutte", de Mozart, com um elenco selecionado entre os internos da instituição mental -iniciando uma sequência de lunáticas e inspiradas situações.
Serão exibidas 32 películas durante os dez dias da mostra, vindas de todo o mundo. "Tieta" é o único filme brasileiro e está entre os 12 que estarão sendo exibidos pela primeira vez nos Estados Unidos.
Entre as produções mais aguardadas estão "Mon Homme", de Bertrand Blier, "Temptress Moon", dirigido por Chen Kaige ("Adeus Minha Concubina"), "Bajo la Piel", um thriller peruano dirigido por Francisco Lombardi, "SubUrbia", de Richard Linklaterp, "Blood & Wine", que tem Jack Nicholson no papel principal, "Taxi", de Carlos Saura, e "Bambola", de Bigas Luna.
A homenagem deste ano será feita para o filme "Bonnie & Clyde", que completa 30 anos. O diretor Arthur Penn revolucionou a maneira de filmar histórias de gângsteres com o filme, combinando violência explícita, humor, ação, sangue e diálogos inteligentes.
Penn confirmou presença na homenagem, assim como o roteirista David Newman e a atriz coadjuvante Estelle Parsons.
Paralelamente às exibições de filmes, haverá seminários diários. Entre os temas deste ano estão o sexo no cinema, o público das produções independentes, um estudo de caso sobre o processo de filmagem de "The Daytrippers" e um dia inteiro de debates sobre a indústria de vídeo nos Estados Unidos e na América Latina.
O festival sofreu um contratempo neste ano. Com as dificuldades financeiras enfrentadas pela cidade de Miami, a prefeitura deixou de fazer a tradicional contribuição de US$ 50 mil para o evento.
A Sociedade de Cinema de Miami teve que levantar mais verbas junto a outros patrocinadores, e Sylvester Stallone, diretor honorário do festival, fez uma contribuição, cujo valor não foi revelado.
Para projetar o festival do próximo ano, a Sociedade de Cinema já contratou Reid Rosefelt, relações públicas em Nova York.
Ele tem a missão de contatar os jornalistas de todo o mundo baseados em Nova York e conseguir que o Festival de Miami seja mencionado sempre que o tema dos artigos desses jornalistas for cinema.
Com a instituição de prêmios e a promoção, os organizadores esperam atrair mais público, artistas e diretores famosos e, principalmente, mais dinheiro em 98.

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