São Paulo, sexta-feira, 31 de janeiro de 1997
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Órgãos públicos poderão ficar sem água

RICARDO AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A falta de pagamento pode deixar diversos órgãos públicos federais sem água na próxima semana em Brasília.
A Caesb (Companhia de Água e Esgotos de Brasília) criou um programa para reduzir a inadimplência e adotou o corte no fornecimento como forma de pressionar os devedores.
Em lista divulgada pela companhia, 22 órgãos da administração federal estão devendo mais de um mês de conta de água.
A partir de segunda-feira, a companhia vai cumprir uma agenda de corte de água em vários órgãos.
Os débitos são altos e devem ser executados em prestações únicas, conforme o caso. A idéia é equacionar todos os problemas com os grandes devedores.
Os primeiros serão o DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem) e a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).
O primeiro alvo da Caesb foi a Polícia Federal, cuja dívida chega a R$ 76.828,22, referente aos meses de setembro, outubro, novembro e dezembro de 95.
Uma operação para o reconhecimento da dívida foi posta em prática ontem à tarde.
Às 14h, o diretor financeiro e comercial da Caesb, Carlos Campos, foi até a sede da PF e, junto com técnicos, desligou o registro de entrada de água no prédio.
A interrupção no fornecimento, contudo, durou menos de duas horas.
Durante a realização do serviço, Campos foi convocado a subir até a sala do chefe de gabinete substituto, Celso Braga Lemos, para explicar o que estava acontecendo.
Estratégia
Até então a PF não havia sido informada de que o corte seria feito, segundo informou o órgão.
Segundo Campos, a estratégia é desligar a água para que os devedores procurem a companhia para renegociar seus débitos.
Assim a discussão com os devedores partiria da ameaça real de corte, e não apenas de comunicações prévias.
Foi o que aconteceu. A PF reconheceu a dívida e prometeu pagar em dez dias o valor integral.
"A iniciativa foi positiva, pois conseguimos chegar a um acordo e vamos receber o dinheiro", disse Campos.
Ele acrescentou que, se o pagamento não sair no prazo prometido, o fornecimento será cortado novamente e não haverá religamento até a dívida estar quitada.
Embrapa
A Embrapa e o DNER questionaram as informações divulgadas pela Caesb.
O débito da Embrapa é de R$ 106.263,76, referente ao período de outubro de 96 a janeiro deste ano, segundo a Caesb.
O chefe do Departamento de Administração Orçamentária e Financeira da Embrapa, Luiz Colares Filho, contestou o valor.
Segundo ele, há uma dívida de R$ 55.277, dos três últimos meses de 96, e outra conta de R$ 49.354,13, que vence hoje e será paga.
DNER
Já o DNER garantiu que efetuou o pagamento das contas de água em dia.
A assessoria de comunicação do órgão enviou à Folha seu controle de pagamentos realizados, onde constam créditos à Caesb em todos os meses onde a companhia alega que há dívida.

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