São Paulo, sexta-feira, 31 de janeiro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FHC admite que reeleição atropelou as reformas

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem que o debate sobre a reeleição, "de alguma maneira, foi mais urgente do que as reformas no Congresso", mas que agora os parlamentares vão retomar o curso dos trabalhos para aprová-las.
"O país pode esperar maior rapidez nas reformas (depois da aprovação da reeleição). Quando fiz a convocação, voltei ao tema. Mas teve um momento que a agenda política, de alguma maneira, foi mais urgente do que as reformas para o Congresso. Mas não para o país. Para o país, o mais importante são as reformas", disse FHC.
"Acho que o Congresso, que teve tanta sensibilidade e sintonia com o país, vai continuar tendo e vai dar as reformas que o país quer. Elas são justas. Temos eleição das Mesas na próxima semana. Temos que respeitar a dinâmica do Congresso, mas tenho certeza de que elas vão deslanchar."
FHC disse esperar que a reforma administrativa seja examinada ainda na convocação extraordinária do Congresso, que termina em 6 de fevereiro.
Enquanto falava aos jornalistas sobre sua conversa com o então virtual relator da reforma da Previdência no Senado, o líder do PSDB, Sérgio Machado (CE), o relator definitivo era anunciado no Congresso: o senador Beni Veras (PSDB-CE).
Itamar
FHC disse ontem que o ex-presidente Itamar Franco tem razão ao reivindicar a paternidade do Plano Real. "Não estou chateado com ele (Itamar) por nada. Ele está dizendo uma verdade. Ele é o pai do Real. À época do lançamento do Real, ele era o presidente da República e eu era só o ministro da Fazenda", afirmou, sorrindo.
Em Brasília desde quarta-feira, Itamar fez declarações públicas reivindicando a paternidade do Real e se dizendo disposto a debater o tema com o governo. Também atacou o empenho do presidente em aprovar a reeleição.
Segundo FHC, o ex-presidente não estava criticando o governo, mas falando de pessoas. "A história é história, já passou. Sou muito grato a ele. Todo tempo que fui ministro, ele me apoiou muito."
Em entrevista no Palácio do Planalto, depois de se encontrar com o presidente Júlio María Sanguinetti (Uruguai), FHC justificou a ausência de Itamar em jantar no Alvorada, para o qual havia sido convidado anteontem, dizendo que ele tinha um problema.

Texto Anterior: Delirium tremens
Próximo Texto: Presidente recebe pedidos em visita ao Rio
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.