São Paulo, sexta-feira, 31 de janeiro de 1997 |
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País perdeu R$ 7,8 bi com usinas de Angra
MÁRCIO DE MORAIS
Essa é a diferença entre o valor investido nos últimos 27 anos nas usinas de Angra 1, 2 e 3 (R$ 12,658 bilhões) e o valor atual dessas usinas (R$ 4,84 bilhões). O valor atual consta do balanço mais recente de Furnas. Representa apenas 38,23% do total de recursos que as três usinas consumiram para chegar ao ponto em que estão. Esse prejuízo decorre de perdas financeiras com o crônico atraso no cronograma das obras e, possivelmente, superfaturamento nos preços de contratação de equipamentos e de obras civis. Separação Com base nesse balanço, Furnas encaminhará à assembléia de acionistas, marcada inicialmente para a última quarta-feira e adiada por 30 dias, a separação das três usinas dos ativos de Furnas. O motivo da separação é o início do processo de privatização de Furnas. A empresa não pode ser vendida com as três usinas, porque a Constituição estabelece que energia nuclear é uma atividade exclusiva da União. Isso impede, na prática, a administração das unidades por empresas privadas. Primeira Subsidiária da Eletrobrás, Furnas deverá ser a primeira entre as quatro geradoras federais a ser vendida. As suas coirmãs são Eletrosul, Eletronorte e Chesf. O processo tem início em fevereiro. O valor das três usinas nucleares, obtido por auditoria interna de Furnas, será abatido do ativo da estatal. Esse ativo é hoje de R$ 17,28 bilhões e, com a cisão prevista das usinas do todo da empresa, será reduzido a R$ 12,44 bilhões, um enxugamento de 38,9%. Aprovada a separação, as três usinas serão transferidas para a Nuclen Engenharia S/A. Essa estatal terá mais R$ 889 milhões para concluir Angra 2 e disponibilizá-la para operação comercial dentro de no máximo três anos. Com a separação, fica também assegurada a absorção, pelo Tesouro (ou seja, o contribuinte), de cerca de R$ 3,8 bilhões do prejuízo. Essa é a perda assumida oficialmente pela Eletrobrás, em conversa do seu presidente, Firmino Sampaio, com a imprensa, no Palácio do Planalto. Energia hidrelétrica Os investimentos (R$ 12,658 bilhões) na tecnologia nuclear, importada da então Alemanha Ocidental e dos Estados Unidos, dariam para gerar 8.000 megawatts de energia hidrelétrica. Isso representaria um acréscimo de 15% à geração nacional de energia e eliminaria o risco de blecaute na região Sudeste no ano 2000, em virtude do déficit energético. No ano 2000, esse déficit será de 3.500 megawatts, segundo o deputado Eliseu Resende (PFL-MG), membro da Comissão de Minas e Energia da Câmara e ex-presidente da Eletrobrás. Desde o começo do projeto, houve críticas de entidades ambientalistas contra a usina, que está localizada em um ponto considerado inadequado por apresentar variações no terreno. Outro lado A Folha tentou ouvir o ministro das Minas e Energia, Raimundo Brito, durante toda esta semana, mas ele não quis se pronunciar sobre o caso. O ministro Antonio Kandir (Planejamento) e a diretoria de Furnas também não quiseram falar sobre o assunto. Texto Anterior: Entidade começa a atuar em SP Próximo Texto: BC vê má-fé em operações feitas por Pitta Índice |
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