São Paulo, sexta-feira, 31 de janeiro de 1997
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Corretoras que operaram com a prefeitura

DE SP, SEGUNDO O BC

. Contrato DTVM
. Paper DTVM
. Áurea DTVM
. Negocial DTVM
. JHL DTVM
. Leptos DTVM
. Valor CCTVM
. Cedro DTVM
. Perfil CCTVM
Há outras seis cujos nomes não aparecem no relatório.

Veja detalhes das operações
. A Prefeitura de São Paulo teve prejuízo de R$ 8,396 milhões com a negociação de títulos (Letras Financeiras do Tesouro Municipal) entre dezembro de 1994 e janeiro de 1996, segundo o Banco Central
. Apenas um das operações, em 1º de dezembro de 94, provocou prejuízo de R$ 1,76 milhão
. A operação foi determinada pelo então secretário das Finanças, Celso Pitta (atual prefeito de São Paulo). Pitta mandou a corretora Banespa vender os títulos para as corretoras Contrato e Paper por R$ 51,74 milhões. A prefeitura recomprou os títulos por R$ 53,50 milhões no mesmo dia
. O fato foi noticiado pelo Jornal da Tarde no dia 28 de setembro, pouco antes do primeiro turno da eleição na qual Pitta se elegeria
. Operações de compra e venda de papéis realizadas no mesmo dia são comuns no mercado financeiro. Chamam-se "day trade" e servem para gerar caixa para quem vende os papéis. Na recompra, entretanto, não deveria gerar prejuízo, mas lucro ou, pelo menos, empate
. No mesmo dia 1º de dezembro, a prefeitura teve outro prejuízo de R$ 2,222 milhões. Desta vez, porque pagou juros à corretora Áurea mais altos do que aqueles praticados pelo mercado
. O dinheiro da prefeitura paulista fica num fundo -o Fundo de Liquidez da Dívida Pública-, que é administrado pelo Banespa. Por isso é o Banespa quem oferece e recompra as LFTM (as chamadas "paulistinhas")
. Desde dezembro de 94, as operações são feitas mediante autorização do secretário de Finanças. Por isso o BC dispõe de vários documentos por escrito de Pitta determinando compra e venda de títulos

Fatos contraditórios sobre as operações
. A prefeitura preferiu negociar os títulos com empresas (distribuidoras) de pequeno porte, que não demonstravam condições de intermediar volumes expressivos. Essas empresas só conseguem comprar os títulos com grandes descontos sobre o valor total (deságio sobre o valor de face, como se diz no mercado)
. Grandes bancos costumam pagar mais pelos papéis, oferecendo desconto menor sobre o valor total do título
. Em 28 de outubro de 93, por exemplo, uma operação que não é citada no relatório do BC, mas que foi levantada pela Folha mostra que o Bradesco perdeu para uma corretora chamada Konta. A prefeitura colocou um lote de papéis à venda por US$ 10,9 milhões O Bradesco comprou parte do lote com desconto de 13,67%, enquanto a Konta arrematou outra parte com deságio de 21,78%
. Fatos como esse se repetiram muitas vezes, com as distribuidoras tendo lucros exorbitantes com a negociação dos títulos

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