São Paulo, sexta-feira, 31 de janeiro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Aplicações financeiras crescem R$ 13 bi

ALEX RIBEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A soma dos saldos das principais aplicações financeiras deu um salto de R$ 13,410 bilhões somente até o dia 24 de janeiro.
O Banco Central ainda está avaliando os motivos desse aparente crescimento na poupança financeira do país, considerado atípico para o primeiro mês do ano.
A maior parte do dinheiro foi dirigida a aplicações de longo prazo, como os FIFs de 60 dias, à caderneta de poupança e aos fundos de ações carteira livre.
Mas isso não quer dizer que foi conquistado o alongamento das aplicações financeiras, um dos objetivos do governo desde a implantação do Real. Boa parte dos fundos que receberam recursos acaba funcionando como um investimento de curto prazo com roupagem de aplicação de longo prazo.
O crescimento da poupança financeira é considerado aparente porque o BC ainda não eliminou a dupla contagem. O dinheiro que entra nos fundos pode ser considerado uma segunda vez nas estatísticas quando esses mesmos fundos compram CDBs, por exemplo.
Para o Departamento de Câmbio do BC, está descartada a hipótese de que esses recursos aplicados tenham vindo do exterior.
É provável que o aumento dos saldos das aplicações esteja relacionado à reorganização nos investimentos provocada pela cobrança da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira).
O novo tributo praticamente inviabilizou o FIF (Fundo de Investimento Financeiro) de curto prazo, que permite resgate diário. Em alguns casos, a aplicação tem "rendimento negativo".
O dinheiro desses fundos de curto prazo estaria migrando para os FIFs de 60 dias, que para grandes investidores pode funcionar como aplicação de curto prazo. Até o dia 24, foram retirados R$ 5,708 bilhões do curto prazo, e os de 60 dias receberam R$ 17,946 bilhões.
Os FIFs de 60 dias formados por um só cotista permitem o saque antes do vencimento da aplicação, sem perda do rendimento. Cerca de 23% dos fundos são formados por um só investidor. A prática foi proibida na semana passada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), que deu 60 dias para os fundos se adaptarem à nova regra.

Texto Anterior: CPMF atrai depósito e estimula empréstimo
Próximo Texto: BNDES recria substituição de importados
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.