São Paulo, sexta-feira, 31 de janeiro de 1997 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
BNDES recria substituição de importados
CHICO SANTOS
O presidente do banco, Luiz Carlos Mendonça de Barros, chamou a nova ação do banco de "programa de substituição de importações do século 21". Até agora, substituição de importações era considerada pelo governo uma expressão que remetia a um modelo arcaico de desenvolvimento, a ser esquecido. A fórmula do novo programa é a participação do BNDES no capital de empresas interessadas em produzir no Brasil componentes das suas linhas de produção que hoje são importados. Os dois primeiros setores a serem beneficiados serão o eletroeletrônico e o de telecomunicações. Mendonça de Barros disse que a BNDESpar (BNDES Participações), empresa subsidiária do banco, comprará ações das empresas com recursos obtidos na venda de ações de empresas estatais, como Vale do Rio Doce, Petrobrás e Eletrobrás, que atualmente fazem parte da sua carteira. Mendonça de Barros considera que essa nova política de substituição de importações não tem relação com a do passado porque não passa por subsídios ou protecionismo. Redução das importações Ele citou pelo menos outra ação do banco que teve como uma das finalidades reduzir as importações. Segundo o presidente do BNDES, o financiamento a juros internacionais, menores que os do mercado brasileiro, dado para a empresa Confab fabricar tubos de aço para o gasoduto Brasil-Bolívia, teve esse objetivo. Graças a esse financiamento, com prazo de 15 anos para pagar (as linhas normais do BNDES têm prazo máximo de oito anos), a Confab ganhou a concorrência internacional, feita pela Petrobrás, para a produção dos tubos, no valor total de US$ 400 milhões. "Se ela perdesse, nós teríamos um aumento de importações de US$ 400 milhões. Então, essa ação tem também o sentido de melhoria da balança comercial", disse Mendonça de Barros. Ele afirmou ainda que, no prazo de 15 a 20 dias, deverá estar concluída a primeira operação na modalidade de participação no capital da empresa. Será na área de eletroeletrônico. Segundo o presidente do BNDES, o programa consiste no "adensamento da linha de produção" de empresas de setores escolhidos para substituir importações e tornar essas empresas mais competitivas. Mendonça de Barros afirmou que o estímulo à substituição de importações não tem nada a ver com o fracasso do programa criado no ano passado pelo BNDES para estimular as exportações. Ele disse que o banco teve que passar por um aprendizado na área de financiamento ao comércio exterior e que neste ano o programa para exportações vai começar a render frutos. Anos 70 O ex-ministro do Planejamento João Paulo dos Reis Velloso (governo Médici), um dos idealizadores do programa de substituição de importações da década de 70, disse que a atual iniciativa do BNDES é correta. Segundo ele, o banco vai financiar setores que se tornarão competitivos e não só deixarão de importar como também passarão a exportar seus parte da sua produção. Velloso disse que na década de 70, durante o 2º Programa Nacional de Desenvolvimento, o objetivo também foi de criar setores competitivos no país. Nessa ocasião, avalia o economista, a iniciativa atingiu a área de bens intermediários, como produtos siderúrgicos e petroquímicos. Texto Anterior: Aplicações financeiras crescem R$ 13 bi Próximo Texto: BNDES faz contrato de crédito popular Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |