São Paulo, sexta-feira, 31 de janeiro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Armadilhas

EDUARDO OHATA

Cus D'Amato, o falecido mentor de Mike Tyson, dizia que o medo pode ser o melhor amigo de um lutador.
"Se controlado, o medo deixa o pugilista alerta."
Por outro lado, o excesso de confiança, pode colocar o atleta em perigo.
Um pupilo de Cus, o ex-bicampeão dos pesados Floyd Patterson, aprendeu na prática essa lição. Em 1959, o norte-americano Patterson colocou o título em jogo contra o sueco Ingemar Johansson.
Durante as semanas que precederam o combate, os jornais noticiavam que Johansson não se dedicava aos treinos.
Preferia atividades mais amenas, como nadar, passear e dançar com a bela noiva, Birgit Lundgren. Quando treinava, os sparrings dominavam Johansson. Todos temiam pelo bem-estar do sueco.
Para surpresa geral, Johansson venceu Patterson por nocaute.
Após a luta, foi revelado que as apresentações públicas de Johansson não passavam de "teatro". A verdadeira preparação acontecia à noite, em sessões privadas.
Na revanche, respeitando o adversário, Floyd recuperou o cinturão.
Um paralelo pode ser traçado entre Patterson e o inglês Lennox Lewis, que, na próxima sexta-feira, enfrenta o norte-americano Oliver McCall em uma revanche pelo título dos pesados do Conselho Mundial.
No primeiro combate, todos previam que aquele seria um "passeio" para Lewis. Afinal, McCall era apenas o sparring de Mike Tyson.
McCall nocauteou Lewis e ficou com o cinturão. Agora, os comentários se concentram no problema de McCall com o alcoolismo.
Mas, desta vez, Lewis segue o exemplo de Patterson.
"Suspeito de tudo que tenha a mão de Don King (empresário de McCall)", diz Lewis. "Não vou mais dar ouvidos a boatos."

Texto Anterior: Regra das 15 faltas resgata o direito de jogar
Próximo Texto: Wilfredo Vazquez; Unificação
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.