São Paulo, sexta-feira, 31 de janeiro de 1997 |
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Lennon reencarna em Gerald Thomas
DANIELA ROCHA
Ringo Starr será vivido por Luiz Damasceno, e Domingos Varella interpretará George Harrison. Thomas está preparando o roteiro em sua casa, em Nova York, mas já tem a história e os personagens definidos. O paralelo entre a relação de Bete e Thomas e a dos dois líderes dos Beatles é proposital. "Há uma dupla em jogo. Uso os Beatles para uma subleitura que vai ficar nítida. Como eu e Bete tivemos um affaire de quatro anos, vai ficar implícito que Paul e John também tiveram um affaire de quatro anos", afirma ele. "Mas a peça é uma brincadeira", diz. Thomas interpretará Lennon como uma resposta bem-humorada a todos os que sempre disseram que ele se parecia com o ex-beatle. "Brinco com minha própria imagem. Fica engraçado eu finalmente assumir essa semelhança física e incorporar isso no papel do John Lennon. Uma bobagem." Para ele, a peça não é o mais importante. O lado sério do espetáculo é o reencontro. "Fico fascinado em trazer a Bete de volta e ver reunidos no palco eu, ela e Damasceno, os velhos guerreiros da Companhia de Ópera Seca. É uma metalinguagem. Fazemos a 'reunion' que os Beatles nunca tiveram, porque um deles morreu." A peça toda se dá nos dois e meio minutos que correm entre o tiro que John Lennon levou e a sua morte na ambulância, chegando ao hospital (em Nova York, 1980). Tudo se passa na cabeça do Lennon -a volta ao passado, o início da banda, um dia no estúdio de gravação dos Beatles. Cada noite um convidado especial estará no palco, segundo Thomas. Raquel Rizzo será Mick Jagger, que aparecerá no estúdio. Dionísio Neto, autor e ator de "Perpétua" e "Opus Profundum" -que também integram a programação do Festival- fará o papel de Mark David Chapmam, o assassino de Lennon, e Gilda Barbosa da Silva será Yoko Ono. "A Renata Jesion (também de 'Perpétua') será o Keith Richards, chegando no estúdio com Mick Jagger. Ele terá uma guitarra com um saquinho 'IV' (intravenoso) embutido, que joga heroína direto na veia", afirma Thomas. A peça não será musical, mas terá músicas dos Beatles dubladas pelos atores. Fã de samba -ele costuma tocar surdo em seus espetáculos-, Thomas interpretará um Lennon do batuque. "O Lennon vai mostrar como ele é um esfuziante apreciador do samba. Ele vai convidar pessoas da Rocinha para tocar no palco. É a relação com o Brasil que os Beatles tinham e que ninguém sabia." Próximo Texto: Idéia é divertida, diz Bete Coelho Índice |
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