São Paulo, sexta-feira, 31 de janeiro de 1997
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Santana mostra seu 'blues cabeça chata'

ANA CRISTINA PESSINI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A mãe pernambucana, o pai piauiense e um calo nas cordas vocais, que lhe rendeu uma voz naturalmente rouca, fizeram o paulista Edvaldo Santana misturar em sua música influências nordestinas com o suíngue sofisticado da MPB e a melancolia do blues urbano.
"Blues cabeça chata, salsa com ska, rap com embolada, Jackson do Pandeiro com Muddy Waters", essa é a "salada" que Santana apresenta hoje e amanhã, no Sesc Pompéia.
"Acho que a tendência natural do pop brasileiro é a mistura de estilos. É um reflexo da própria história do país, mas requer coragem, pois os ouvidos ainda não estão acostumados", avalia.
Mas ele adverte quanto a receita: "Só tem que tomar cuidado para a salada não ficar indigesta ou sem gosto."
"Lobo Solitário"
Foi graças a esse "cuidado" que Edvaldo Santana, ao contrário do que acontece com a maioria dos músicos que se apresenta pelas casas noturnas da cidade, caminha para o terceiro registro de seu trabalho.
Ao todo, são dez anos de carreira solo, antecedidos por outros dez anos no grupo Matéria Prima.
O repertório do show de hoje, portanto, será um apanhado das músicas dos dois discos já lançados de Santana, "Lobo Solitário" e "Tá Assustado?".
Deles fazem parte "O Sabonete", "O Cachimbo" -cujo clipe já pode ser visto na programação da MTV-, "Cabeça Ocupada", "O Dicionário Faliu" (parceria com Tom Zé) e "O Deus" (com Paulo Leminsky e Ademir Assunção).
Parceiros
As parcerias, aliás, são outro forte de Santana. Entre elas estão o poeta Haroldo de Campos, em "O Torto", e Arnaldo Antunes, que levou para o disco "Ninguém" a canção "Inesperado".
A inédita "Blues Caboclo", de Edvaldo e Itamar Assumpção, deve ser o carro-chefe do próximo CD, que chega às lojas em maio ou junho deste ano.
No acompanhamento ao vivo, a banda Swing Blues, formada por Luís Waack (guitarra), Carlito Rodrigues (baixo), Eduardo Batistela (bateria) e Ricardo Garcia (percussão) seguirá os acordes do violão tocado por Edvaldo Santana.

Show: Edvaldo Santana
Quando: hoje e amanhã, às 21h
Onde: teatro do Sesc Pompéia (r. Clélia, 93, tel. 871-7751)
Quanto: de R$ 10 a R$ 5

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